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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

26.12.07

Monumento Nacional - Igreja da Atalaia

Retirado do site: http://www.ippar.pt/pls/dippar/pat_pesq_detalhe?code_pass=71139
Descrições
Nota Histórico-Artistica
Mandada edificar cerca de 1528 por D. Pedro de Meneses, conde de Cantanhede, a igreja matriz da Atalaia, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, é possivelmente o primeiro templo português a empregar uma "nova imagem espacial", desenvolvida depois das experiências com as tipologias intermédias entre o gótico mendicante e o classicismo - como os casos das matrizes de Caminha e de Vila do Conde (MOREIRA, Rafael, p. 341). A sua traça foi elaborada por João de Castilho, sendo os programas decorativos do portal principal e do arco cruzeiro da autoria de João de Ruão, naquela que é uma das primeiras obras feitas pelo mestre normando em Portugal. O templo da Atalaia possui planta longitudinal, com uma curiosa fachada dividida em 5 panos, uma vez que os panos laterais possuem empenas curvas com arcos de passagem de volta perfeita. Os cunhais do templo são rematados por contrafortes coroados por pináculos. O corpo central da fachada é destacado, possuindo quatro registos; no primeiro foi aberto o portal principal, o segundo possui uma janela perspectivada, e os dois últimos são constituídos pela torre sineira. Esta fachada que actualmente conhecemos na matriz da Atalaia não corresponde à edificação original, uma vez que foi muito alterada pelo restauro efectuado nos anos 30 do século XX. O elemento que merece maior destaque é efectivamente o portal, elaborado por João de Ruão, cuja composição apresenta duas pilastras, com nichos que albergam as figuras de São Pedro e São Paulo, enquadrando arco de volta perfeita encimado por entablamento repleto de motivos grotescos que ladeiam a pedra de armas de D. Pedro de Meneses. Quatro medalhões foram esculpidos com bustos, dois ladeando o arco, com as figuras de um jovem e um guerreiro, outros inseridos na base das pilastras, mostrando um homem e uma mulher. Este portal-retábulo demonstra um "pleno conhecimento do clássico" (SERRÃO, Vítor, 2002, p.148), sendo evidentes as semelhanças que apresenta com outras obras do mestre João de Ruão, como o retábulo evocativo da Senhora da Misericórdia, elaborado para integrar a capela funerária de D. Jorge de Meneses em Varziela, ou o primeiro registo da Porta Especiosa da Sé Velha de Coimbra, erigida no final da década de trinta do século XVI.Interiormente, a igreja divide-se em três naves de cinco tramos, com cobertura de madeira em três panos, e púlpito do lado do Evangelho, datado de 1674. As colunas jónicas que suportam os arcos da nave central não possuem qualquer decoração, à excepção das adossadas ao arco da capela-mor, que no seu capitel apresentam um modelo decalcado da obra Medidas del Romano de Diego de Sagredo, publicada em Toledo em 1526. No topo das paredes da nave central, intercalando com as janelas que iluminam o templo, foram colocados painéis de azulejo seiscentistas, figurando cenas do Antigo Testamento. As naves laterais são cobertas por silhares de azulejos enxadrezados ao nível do rodapé, sobre os quais foram colocados painéis semelhantes aos da nave central, com cenas do Novo Testamento. Sobre azulejos, vide: http://paredescardoso.blogspot.com/search/label/Azulejaria
Na nave lateral do lado do Evangelho foi colocado o túmulo de D. José Manuel, segundo cardeal patriarca de Lisboa.A capela-mor, coberta por abóbada de nervuras enquadrando o brasão do instituidor, típica das obras dos Castilho, possui arco formeiro decorado por motivos grotescos, com florões e candelabros. O retábulo de talha dourada setecentista colocado na capela-mor foi retirado durante o restauro do século XX, subsistindo uma imagem da Virgem com o Menino, possivelmente elaborado no início do século XVI.A igreja matriz da Atalaia é uma obra experimental, onde se busca já alguma simetria e racionalidade no espaço edificado, embora este resulte algo rudimentar e empregue ainda soluções manuelinas, mas de que se destaca o programa ornamental ao romano, naquela que é considerada a mais inovadora obra do mestre escultor João de Ruão.C.O.

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