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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

1.4.08

A Casa do Patriarca


A história

Esta casa senhorial foi comprada aos Condes da Atalaia em 1892 pelo Dr. António Zagallo Gomes Coelho, que era médico em Vila Nova da Barquinha, casado com Maria Luísa Lamas. A casa sofreu grandes alterações deste a sua construção, que se calcula ser dos finais do século XVI, início do século XVII. Os extensos jardins que a rodeavam estão hoje mais pequenos, mas a sua traça exterior foi mantida e preservada pelo gosto de quem, ao longo dos tempos, tentou não esquecer a história. A conversa com os proprietários indicia, de facto, todo o cuidado que existiu, especialmente a partir do momento em que decidiram criar o Turismo Rural, em preservar toda a tradição e história. A compilação de factos históricos, a manutenção da traça e características da casa, através da sua decoração e ambiente gerais, demonstram o cuidado interesse em não descorar pormenores que possam desvirtuar o conceito de Turismo Rural que aplicaram a esta casa senhorial. O nome Casa do Patriarca surgiu como homenagem ao Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Manuel da Câmara. O Cardeal Patriarca nasceu nesta casa em 1686. Era filho do quarto Conde da Atalaia D. Luiz Manoel Távora e de D. Francisca Leonor de Mendonça. Foi eleito patriarca de Lisboa em 1754 e voltou para a Atalaia para passar a última parte da sua vida com a sua sobrinha, D. Constança Manuel, marquesa de Tancos, que na data do seu falecimento (1758) já herdara a Casa da Atalaia. Como casa brasonada, um dos brasões foi entregue a D. Duarte de Atalaya por volta de 1935, outro poder-se-á ver incrustado numa das paredes da junta de Freguesia da Atalaia e outro ainda pertence a um particular. No interior, fruto da pesquisa de familiares, podem observar-se árvores genealógicas das famílias dos proprietários. Na genealogia dos Zagallos, encontra-se, por exemplo, o nome de Bernardim Ribeiro, enquanto na família Gomes Coelho, surge o nome de Júlio Dinis.

A recuperação e o projecto

Em 1976, quando o casal anfitrião regressou de Moçambique, a casa não tinha condições de habitabilidade. Mas quando há 12 anos decidiram, com a concordância dos 5 membros desta família, elaborar o projecto, sabiam que o processo seria difícil mas compensador. Com o apoio do ADIRN (Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte) candidataram-se ao projecto Leader 1, de fundos europeus para o desenvolvimento das economias rurais. Em 1995, a Casa do Patriarca estava a funcionar em pleno. Para garantir a qualidade do serviço que prestam, desde a fase de projecto, que os proprietários têm participado em acções de formação variadas: desde atendimento, hotelaria, seminários de turismo, até arranjos florais e restauração de móveis.A recuperação foi feita, tendo sempre em atenção a traça original, como já referimos. Esse esforço foi feito com todos os intervenientes na obra, desde arquitectos a pedreiros e com a orientação cuidada dos proprietários. Para manterem sempre este local como desejam, há que fazer um esforço de constante remodelação e conservação, que nesta altura, com os conhecimentos adquiridos e com o prazer que ressalta das suas palavras, é feita pelos próprios.

O Alojamento

Esta unidade, equipada com aquecimento central, tem seis quartos, com casa de banho privativa e televisão com recepção via satélite. Cada quarto tem o seu nome, quer baseado na decoração, quer em algum pormenor: Patriarca, Quinta, Namoradeiras, Saua Saua, Oriente, Almirante. Vejamos a explicação para o quarto das namoradeiras: existem no quarto duas namoradeiras de pedra junto à janela. Estas serviam para as meninas se sentarem da parte de dentro da janela (a fingir que bordavam) e os pretendentes a passarem (casualmente) rua acima, rua abaixo. Também tinha a função de pôr em dia os enredos que se passavam na terra. Já o quarto Saua Saua adquiriu o nome de uma praia lindíssima do norte moçambicano e está decorada com motivos daquele país africano. Há uma sala de estar, com mesa para os pequenos-almoços, onde pode conversar, ler, jogar... O jardim é totalmente cuidado pelos proprietários, com especial relevo para o filho mais novo, Luís Filipe, e há um trabalho realizado sobre todas as espécies que ali se podem encontrar. Existem ainda diversos artefactos antigos, e um tanque convidativo a um mergulho bem refrescante, para os dias mais quentes.Os hóspedes da Casa do Patriarca são na sua maioria estrangeiros, sendo que alguns são já clientes habituais. De qualquer forma, o casal refere que se tem notado ao longo dos anos que os portugueses apreciam cada vez mais este tipo de turismo e a adesão tem vindo a aumentar, não existindo, no entanto, uma faixa etária predominante. De qualquer forma, o ambiente acolhedor transparece em cada palavra do casal que nos recebeu com tanta amabilidade.
(In Jornal Imobiliário: http://www.imonews.pt/, artigo publicado em 3-1-2008.

Concedida autorização para transcrição no presente blog).

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