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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

9.2.09

A sedução pelo desconhecido e pelos Descobrimentos dos habitantes do nosso concelho.

No Século XV, mais precisamente entre 1414-1415, e no rio Zêzere, junto a Punhete (Constância), fazem-se os derradeiros preparativos para a conquista de Ceuta, cidade onde chegavam os produtos orientais vindos da Índia, pelas Rotas Caravaneiras do Sahara, terra onde abundava o ouro, as especiarias e, essencialmente, local estratégico que permitia controlar a navegação entre o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico.
Nas nossas terras, no Rio Zêzere, perto de Punhete, longe da capital do reino e dos espiões, procuravam os nossos patrícios não chamar a atenção dos estrangeiros e proteger a missão da sua curiosidade, o que de todo não foi conseguido.
Um relatório, redigido em Lisboa e datado de 23 de Abril de 1415, do espião castelhano Ruy Dias de Vega ao rei D. Fernando I de Aragão dava-lhe a notícia dos preparativos da Armada que então se constituía em Portugal e nas margens do nosso rio Zêzere (Sesar).
Dizia então o relatório: «EI Prior et los maestres mandan fazer senhas galeotas de sesenta rremos cada una, saluo el maestre de Santyago. Et fazenlas en el rryo de Sesar [Zêzere] que es cerça de Punete, et entra en Tajo aquel rrio a syete leguas de Santareno Et ellos estan todos en sus tierras, adereçando pela la partyda, que an todos de partyr con el rrey
Ora, se as embarcações eram feitas na nossa região e seguiam rio abaixo, para Lisboa, é certo, e natural, que os residentes acompanharam os preparativos secretos da armada criada no rio e daqui também nelas partissem nas suas guarnições (foram cerca de 20.000 homens que compuseram a expedição) e, obviamente, se envolvessem na novel aventura dos Descobrimentos.
O escritor, Diogo Gomes, conta-nos, também, o seguinte:
Em certo tempo o Infante D. Henrique desejando descobrir lugares no Oceano Ocidental, com o intuito de averiguar se existiam ilhas ou terra firme pra além das descritas por Ptolomeu, mandou caravelas a procurar essas terras. Seguiram viagem e viram a ocidente trezentas léguas além do Cabo Finisterra e vendo que eram ilhas, entraram na primeira. Aquelas caravelas voltaram a Portugal a comunicar ao referido Infante as descobertas que tinham feito, com o que ele folgou muitíssimo.... O Infante D. Henrique mandou certo cavaleiro por nome de Frei Gonçalo Velho, para capitanear as caravelas que conduziam animais domésticos que se distribuíram por cada uma das ilhas...” .
Consabido que Frei Gonçalo Velho povoou as ilhas Ocidentais dos Açores e que era Comendador de Almourol, poder-se-á ter como certo que o mesmo levou animais e gente da sua comenda para a aventura dos Descobrimentos fazendo participar na maior empresa nacional de todos os tempos os filhos desta terra.

Bibliografia:
Silva, Joaquim Candeias, Abrantes na Expansão Ultramarina, Gráfica Gil Ldª, 1992
Dias, João José Alves, Paio de Pele - A vila e a região do Séc. XII ao Séc. XVI, Assembleia Distrital de Santarém, 1989
Gravura retirada da página da Direcção-Geral de Arquivos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Fernando,
Os meus parabens pelo teu Blog.
Virei cá muitas mais vezes fazer uma visitinha.
Um Abração
Carlos Garrudo

Anónimo disse...

Muito bom trabalho. Vou guardá-lo, para o ler e ver (melhor) no fim de semana.
Um abraço.
Albino

Rita Inácio disse...

No inicio de 1500 há umas memórias paroquiais que dizem que em Payo Pelle, apenas, existiam 21 almas. É bem possível que tenham embarcado, de forma a povoar outros lugar e, até mesmo, como marinheiros!