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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

12.6.09

11-06-2009, O concretizar de um sonho (1.ª Pedra da Creche e Centro de Dia)


Intervenção do P.e José Manuel Laranjeira Madeira no lançamento da 1.ª pedra da Creche e Centro de Dia e Apoio domiciliário (auto ao lado - clicar para ampliar).

Morreu em 1970 e chamava-se Almada Negreiros. Um dia escreveu:- “Um povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos.”
E concluiu:- “Coragem, portugueses! Só vos faltam as qualidades!”
Tenho orgulho – que é um dos muitos defeitos – de ser padre numa terra de gente tão teimosa – outro defeito.
Mas o meu orgulho é hoje uma honra, porque a vossa teimosia tornou-se persistência.
Tenho pois o orgulho e a honra de estar presente no dia em que brota a semente da vossa persistente teimosia.
1. Explico-me:
Hoje é o culminar de um percurso de três décadas – trinta anos – uma geração!
Nos anos oitenta germinou a ideia de uma estrutura de apoio à terceira idade. O pároco meu antecessor e a comissão paroquial de então procurou dar-lhe corpo. Conseguiu um terreno e um ante projecto, mas não foi possível reunir os apoios necessários e a ideia ficou na gaveta.
Mas conseguiu o mais difícil, que a ideia entranhasse, tornando-se um sonho colectivo. E os sonhos colectivos não morrem.
Nos anos noventa é criada a ADESFA – Associação para o Desenvolvimento Social da Freguesia de Atalaia – tendo como principal objectivo criar condições para transformar o sonho em obra. Consegue também a afectação de um terreno, este que agora pisamos, mas emperra na carência de personalidade jurídica para dar corpo ao sonho.
É esta Associação que um dia me vem desafiar e à Comissão da Fábrica da Igreja Paroquial a darmos as mãos para a constituição de uma Instituição Particular de Solidariedade Social.
Foi a viragem do século, entravamos na terceira década de teimosa persistência.
Criado o Centro Social Paroquial de Atalaia, por Decreto do Senhor Bispo de Santarém, D. Manuel Pelino Domingues, em 25 de Novembro de 2001, esperámos dois anos pelo seu reconhecimento e registo pelo Estado Português como Instituição Particular de Solidariedade Social.
Conseguido o requisito legal, demos início à actividade com uma Valência de ATL, a funcionar da Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico e para a qual conseguimos acordo de cooperação com o Centro Distrital Santarém da Segurança Social no ano seguinte.
Paralelamente, com o apoio da autarquia, começámos a trabalhar num projecto para este espaço, após a ADESFA, ter cedido ao Centro Social os seus direitos sobre os quase 2000 mil quadrados, propriedade da Câmara Municipal e afectados aquela Associação para equipamento social. Hoje toda esta área delimitada é propriedade do Centro Social, por doação da Câmara Municipal da sua parte, e doação do Senhor Júlio Luís da Silva da parte restante de um total de dois mil duzentos e noventa e seis metros quadrados (2.296 m2).
A ideia base foi sempre o velho sonho de um Centro de Apoio à terceira idade, mas a Segurança Social insistiu para que juntássemos uma estrutura de apoio á infância, pelo que um primeiro projecto foi um Centro de Dia e ATL, a posteriori revertido em Creche.
É pois já um segundo projecto, de Creche e Centro de Dia com Apoio Domiciliário, cujo inicio da concretização estamos aqui hoje a celebrar – também depois de uma segunda candidatura ao PARES – Programa criado pelo actual governo para Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais.
São muitos os pais e mães da criança! Como referi, é toda uma geração, ao longo de trinta anos.
Que todos os homens e mulheres de boa vontade que alimentaram este sonho e contribuíram para chegarmos a este momento, se tenham sentido recompensados dos seus trabalhos e tenho gozado a alegria do parto, quando, a seguir á cerimónia de Bênção, Sua Excelência, o Senhor Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, Doutor José António Vieira da Silva, cortou o cordão umbilical á criança, isto é, descerrou a placa comemorativa do início da Obra.
Estava debaixo da bandeira do povo português, que “reúne todos os defeitos”, como escreveu Almada Negreiros, mas que tem uma Alma Grande – grande de oito séculos - e que quando sonha e dá as mãos é capaz de abraçar o mundo inteiro.
2. O Custo Total da Obra, como podem ver na placa junto a este portão, é de quase 700 Mil Euros, incluindo a Infra-Estrutura, os projectos técnicos e a Fiscalização – preço real já contratualizado, mais o valor estimado para equipamento móvel.
O Financiamento é praticamente 50 – 50 entre o Estado e o Centro Social Paroquial. Mesmo com o apoio autárquico, o dinheiro que realizámos com o loteamento do terreno da paróquia que fora adquirido nos anos oitenta para este velho sonho e pago por um paroquiano, Senhor Alberto João Coelho, já falecido, mais a disponibilidade financeira da paróquia, faltavam-nos dos nossos 50% mais de 100 mil euros.
Como, apesar de termos tido que fazer dois concursos, foi possível consignar a obra até ao fim do mês de Abril, ganhamos direito a mais 30 mil euros do Estado.
Então telefonámos a alguns amigos e garantimos apoios de cerca de 20 mil euros.
Mas faltam ainda mais de 50 mil Euros, sem contarmos com trabalhos a mais e o fundo de maneio necessário para iniciar a actividade das valências respectivas, porque fazer uma obra para criar teias de aranha não fale a pena.
Chegou a altura de pedir ‘a ajuda do público’.
Por favor, assim que tiverem oportunidade, ajudem a comer esse porco todo que é oferta, e, se tiverem bons fígados reguem-no bem, comprando vinho e cerveja até acabar e rematem com umas filhoses e um caldo verde para a sossega.
Entretanto podem contribuir comprando um souvenir, um pequeno tijolo comemorativo deste dia. O preço base é três euros, mas quem não os tiver pode dar cinco ou mais.
Muita gente fez pré inscrição na Liga de amigos. Não quisemos receber cotas enquanto o projecto não saísse do papel. Agora a Obra é real e irreversível, por isso é altura de oficializarem a vossa inscrição. Podem fazê-lo já hoje na barraca ali do canto, bem como esclarecer quaisquer dúvidas.
A Lei do Mecenato dá benefícios fiscais até 130 % no IRS ou IRC sobre donativos sem contrapartidas para Instituições de Solidariedade Social com é o nosso Centro Social Paroquial. Antes de terminar o ano civil, façam uma simulação das vossas declarações de rendimentos e comprovem que por cada 100 Euros doados, ganham 30 euros, ou 15 por 50, ou 60 por 200 e assim sucessivamente. É bom para o doador e para a conclusão desta obra. São os muitos poucos que podem fazer muito.
Conclusão. Senhor Ministro, Doutor José António Vieira da Silva, a demonstração de carinho por esta obra que a sua presença para nós significa, compensa-nos os trabalhos dobrados e fortalece a nossa determinação. Na sua pessoa agradeço a todas as entidades que hoje nos visitam.
Olhai que esta é uma boa terra para fixar residência, uma terra de sorrisos e de sonhos e de obra feita e a fazer-se.
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Dr. Miguel Pombeiro, eu sei que ando sempre a pedir-lhe coisas, é só mais uma, por favor venha tomar a palavra antes que eu atropele mais o protocolo e faça convenientemente as honras desta casa que tem muito de seu.
Bem Hajam.
obs. Na galeria de fernandomsfreire (flickr), todas as imagens deste acontecimento.

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