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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

19.11.09

O azeite na Barquinha



Um trabalho de Pérsio Basso
Sabia que o nosso concelho tem uma vasta tradição na produção e comercialização de azeite?
No “Anuário Comercial de Portugal”, edição do ano de 1904, estavam registados no concelho de VILLA NOVA DA BARQUINHA três negociantes de azeites por atacado. Alfredo Martinho da Fonseca, nome que nos nossos dias dá nome uma das ruas da vila, e ainda Manoel Silvestre Vieira Barbosa, e Raúl Catalão Pereira.
Mas se no início do século passado já havia conhecimento da existência de pequenas indústrias deste ramo, nos anos 40, os Lagareiros e Lagares abundavam por todo o concelho. O Mercado de Azeitonas “Quinta do Lagarito”, de Francisco Marques, é um bom exemplo. Além desta referência a um local que hoje é uma conhecida unidade de restauração, eram vários os estabelecimentos que se dedicavam à produção e ou venda de azeite:
António Cardoso, Vicente da Silva (Laveiros); Bartolomeu Pereira, Manuel Vieira da Cruz (Praia do Ribatejo); David Miguel de Sousa, Matos e Maria Lda. Comércio de Azeitona (Madeiras); Ilísio Gomes & Irmão, Augusto Mendes Aparício, Luís Augusto Pombeiro (Barquinha); Eustáquio, Picciochi & Garcia, Manuel Marques Fernandes, Sociedade Industrial Moita do Norte (Atalaia); João Vicente Pedreiro (Outeiro); Joaquim José Vieira, Manuel Martins (Moita do Norte); José Grácio Florêncio, Manuel Pereira (Limeiras); José Marques Agostinhos & Filhos & C.ª (Quinta do Lagarito – Barquinha); José Vicente (Casalinho); João Ribeiro da Silva (Quinta da Lameira – Barquinha); António da Silva (Quinta do Serrado); António Pereira (Outeiro).
Esta existência de mais de duas dezenas de lagares de azeite num concelho pequeno como Vila Nova da Barquinha, no século XX, comprova a secular tradição da produção deste produto de características mediterrânicas na nossa terra.
Azeite produzido a partir dos olivais de Vila Nova da Barquinha era inclusivamente exportado para outros países. O “Armazém de Azeites de João Pereira – Barquinha”, fazia “exportação para África e Brasil”.
O azeite marca “Almourol” – azeite de oliveira português, era embalado em Lisboa pela empresa “Adelino Jerónimo & C.ª Lda” e destinava-se igualmente à exportação. “O azeite Almourol representa uma qualidade escolhida das melhores regiões de Portugal”, refere a sua embalagem, exposta no Museu Etnográfico 21, em Vila Nova da Barquinha.
O azeite fez certamente parte dos nossos hábitos alimentares desde tempos remotos. É por isso importante manter viva na nossa memória colectiva uma importante actividade económica na história deste concelho ribeirinho, que em tempos já foi um generoso olival.
Para preservar a memória desta tradição, nada como dar uso ao azeite, à nossa mesa.

Resenha histórica sobre a produção de azeite no concelho de Vila Nova da Barquinha, baseada em documentos da colecção do Museu Etnográfico 21, gentilmente cedidos por Joaquim Vieira

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