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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

27.12.09

Portagens à entrada do nosso concelho em 1837.



A introdução de uma portagem à entrada dos veículos em Lisboa, em 2006, dividiu as opiniões de especialistas em transportes e urbanismo e de ambientalistas: para uns, aquela não seria uma medida prioritária enquanto outros acreditavam ser uma medida inevitável esgrimindo argumentos contra e pró, com os últimos a concretizar com um exemplo prático, tal imposto já se aplicava na cidade Londres.
Não entrando em debate sobre este tema, quiçá polémico, mas deveras interessante, porque ecológico (qualidade do ar nas cidades e à redução das emissões de CO2), quero abordar um assunto que muita gente desconhece.
A cobrança de portagens à entrada das cidades, ao que tenho conhecimento, teve origem no nosso concelho.
Mas vamos contar a história ...
O porto da Barquinha, nos primeiros anos do século XIX, tinha um enorme movimento comercial. Por ali passava todo o comércio que ia e vinha das Beiras para Lisboa e de Lisboa para as Beiras. As mercadorias transaccionadas eram, essencialmente, madeira, sal, arroz, bacalhau, carne e tecidos de algodão.
Do auto da Câmara da Atalaia, de 22 de Maio de 1834, consta que:
Presentes o Juiz Ordinário, vereadores e mais oficiais da Câmara e outras pessoas. Foi dito que sendo restabelecidos os direitos da Senhora Dona Maria II e o Trono da Monarquia Portuguesa era chegado o momento de se fazer nesta Câmara a devida aclamação e reconhecimento ao Governo Legítimo da mesma Augusta Senhora … o que foi unanimemente acordado ... havendo por ilegítimo todo outro Governo que não seja desta Senhora estabelecido conforme a Carta Constitucional” (seguiam 27 assinaturas).
Ou seja, restabelecida a ordem depois da guerra que assolou Portugal, os cofres públicos estavam depauperados.
Mas, em 14 de Junho de 1837 fazia-se o lançamento da 1.ª pedra para o edifício dos Paços do Concelho da Barquinha. Verificando-se um deficit nas contas públicas de 4529$861 decidiu a Câmara Municipal criar um imposto de 20 réis por carro de bois de fora do concelho que viesse deixar ou receber carga aos portos da Barquinha.
Solução miraculosa para combater o deficit público da época. Consabido que naquele tempo, segundo factos históricos, entravam no nosso concelho 230.000 carros de bois por ano, facto demonstrativo da pujança comercial de Vila Nova da Barquinha foi tão simples fazer o equilíbrio das finanças públicas em pouco tempo e erguer a novo edifício dos Paços de Concelho à conta da introdução de portagens na nossa terra. Cessada a razão de ser de tal imposto veio o mesmo a ser abolido passado pouco tempo.
FOTOGRAFIA: D.MARIA II, Biblioteca Nacional

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