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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

9.8.11

A Cultura Avieira II

Este é o segundo escrito neste blog sobre a Cultura Avieira. O primeiro é de 8.11.2010 e pode ser revisto em http://atalaia-barquinha.blogspot.com/2010/11/seculo-xix-os-pescadores-nos-oceanos.html.

In MEMORIAS DA ACADEMIA REAL DAS SCIENCIAS DE LISBOA, TOMO VIII, 1823, retiro que a maioria da população de Paio de Pelle, actual Praia do Ribatejo, desde tempos de antanho, se dedicava à pesca: “ Quase todos já de antiquíssimos tempos se tem empregado no serviço da pesca do que tiram muito maiores vantagens, do que na cultura de terras …” uma vez que os terrenos circundantes, pelo relevo e declive acentuado das propriedades rústicas eram “bastantemente áridas e estéreis, e em que somente muitos braços, muitos gados, e muitos estrumes poderão concorrer para que elas dêem algum interesse ao lavrador”. O locais de pesca dos nossos antepassados, tal como na actualidade “ é às vezes no rio Zêzere, e muito principalmente no Tejo …” Parte da população de Paio de Pelle emigrava para jusante do rio “onde chega a maré”. A sua actividade é exercida entre Vila Franca de Xira e Salvaterra de Magos e “ pescam sáveis desde o Natal até ao Santo Antonio, e mugens desde este tempo até ao S. Martinho. A imensa quantidade de varinas, e de chinchas (pequenas redes de arrastar), e de outras redes desta ordem, chamadas de arrastar, que desde o Alqueidão até a Barquinha se empregam na pesca dos sáveis no seu tempo competente, produz muitas vezes a escassez deste peixe no pego de Tancos, e é esta uma das causas da emigração destes homens se bem que outros há, que se empregam na pescaria dos sáveis no lugar da Praia, com as tais chinchas, e como por tal emigração não terão suficientes braços, costumam anualmente vir de Ovar, e de suas imediações de 80 a 100 homens, que somente aqui permanecem aquele tempo necessário, e mesmo porque esta gente é mais apta, e está mais acostumada a tal serviço.” Abalando das suas terras de origem, no texto de Ovar, onde o Inverno é rigoroso e ao mar agitado o que, certamente, os inibia de exercer a sua actividade procuraram no Tejo, rio sem risco acrescido e pouco agitado, o seu sustento durante o tempo em que o mar está alterado. Terminado o Inverno regressavam às suas terras de origem para de dedicarem à pescar no mar e à faina da sardinha. Vemos que há, assim, uma migração sazonal de pescadores não são só da Praia da Vieira, como atrás se escreveu, mas igualmente de Ovar. No ano de 1823 eram, do dizer do escritor, de 80 a 100 homens pescadores. Muitos destes não regressam à sua terra natal, ficam a habitar na Borda-d’água do Tejo vindo a ser designados Avieiros ou Ciganos do Tejo.

1 comentário:

Maria Filomena disse...

Caro senhor,
tomei conhecimento do seu blog por acaso ao pesquisar sobre a igreja da Atalaia....
Gostei imenso e gostaria de ser sua seguidora...
que tal colocar uma coluna para os seguidores?????
meus agradecimentos

MF