Não me podem censurar pela minha concisão e brevidade no tema abordado, e de outros anteriores, pois este (s) aqui inserindo (s) é (são) fruto de pequenas investigações na hora de descanso e alguns factos são cedidos por dedicados amigos.
Apenas anseio dar a conhecer um pouco da nossa história deixando aos sábios destas causas para, por si próprios, desenvolverem muitos mais conhecimentos.
Nos anos de 1543 e 1544 aconteceu no nosso rio Tejo, entre o Arripiado e a Golegã, uma gigantesca obra de engenharia, o desvio do curso do rio Tejo por mão humana, facto impressionante à data.
Tal obra foi ordenada pelo infante D. Luís e foi efectuada num percurso de cerca de 10 km a sul de Tancos, tudo conforme mapa ao lado (clicar para ampliar).
Tal obra foi ordenada pelo infante D. Luís e foi efectuada num percurso de cerca de 10 km a sul de Tancos, tudo conforme mapa ao lado (clicar para ampliar).
Nos trabalhos participaram entre 20000 a 30000 homens !
Por ordem do príncipe os trabalhadores desviaram o curso do Tejo mais de 1 km no sentido norte, aproximando-o da Barquinha e da Cardiga, e desviando-o da Carregueira, isto ao longo de 10 km.
Por ordem do príncipe os trabalhadores desviaram o curso do Tejo mais de 1 km no sentido norte, aproximando-o da Barquinha e da Cardiga, e desviando-o da Carregueira, isto ao longo de 10 km.
Tais obras provocaram alterações significativas no leito do rio e posteriores intervenções 150 anos depois.
Passados poucos anos, e com o decorrer do tempo, as correntes do Rio Tejo foram “mudando o seu curso artificial”.
Passados poucos anos, e com o decorrer do tempo, as correntes do Rio Tejo foram “mudando o seu curso artificial”.
Nova paisagem surgia aos olhos das populações da beira rio (conforme se pode ver pela figura em anexo o leito aproximou-se da Barquinha e Cardiga).
No ano de 1694 reinava o rei D. Pedro II "O Pacífico”, (1683 a 1706), quando as águas do Tejo, através de erosão, entravam nas terras da Quinta, e já “ tinham levado mais de sessenta mois (1) de terra de semeadura”. Também, ameaçavam as casas da Quinta e havia uma grande preocupação por parte dos seus habitantes. Tornava-se eminente a ruína porque o rio ia indireitando contra elas e temia-se o desaparecimento dos ricos campos para a agricultura a jusante do Tejo, até à Golegã.
No ano de 1694 reinava o rei D. Pedro II "O Pacífico”, (1683 a 1706), quando as águas do Tejo, através de erosão, entravam nas terras da Quinta, e já “ tinham levado mais de sessenta mois (1) de terra de semeadura”. Também, ameaçavam as casas da Quinta e havia uma grande preocupação por parte dos seus habitantes. Tornava-se eminente a ruína porque o rio ia indireitando contra elas e temia-se o desaparecimento dos ricos campos para a agricultura a jusante do Tejo, até à Golegã.
Perante a gravidade dos factos convocaram-se os técnicos nesta matéria, à data designados por “homens práticos e inteligentes”, do termo de Coimbra, para resolveram a situação.
A solução passou pela plantação de estacadas de tanchões (cunhas - pregos) de salgueiro e outras árvores.
Todavia, os barqueiros e mareantes das Vilas de Tancos, Alcochete e Abrantes, porque a colocação de estacas e tachões lhe prejudicavam a navegação no rio, cortaram-nas e arrancaram-nas com o argumento que sem estas era mais fácil levar os seus barcos à sirga (corda que serve para rebocar embarcações) e assim podiam melhorar as suas viagens no rio.
Perante a erosão contínua e já danos consideráveis na Quinta da Cardiga era necessário agir de imediato. Assim, não resta outra solução à Coroa do que fazer valer a sua força pelo que faz publicar um Alvará (2), com data de 6 de Agosto de 1694, para que se tomem providências para evitar os danos causados pelos pescadores e mareantes.
Para além da aplicação de coima, no valor de 2,000 réis, era imposta, também, uma pena de prisão por 20 dias, e em caso de reincidência aplicava-se o dobro da pena, fundamento bastante, para compelir os pescadores de tais propósitos.
Texto do alvará na íntegra na imagem ao lado (clicar para ampliar).
A solução passou pela plantação de estacadas de tanchões (cunhas - pregos) de salgueiro e outras árvores.
Todavia, os barqueiros e mareantes das Vilas de Tancos, Alcochete e Abrantes, porque a colocação de estacas e tachões lhe prejudicavam a navegação no rio, cortaram-nas e arrancaram-nas com o argumento que sem estas era mais fácil levar os seus barcos à sirga (corda que serve para rebocar embarcações) e assim podiam melhorar as suas viagens no rio.
Perante a erosão contínua e já danos consideráveis na Quinta da Cardiga era necessário agir de imediato. Assim, não resta outra solução à Coroa do que fazer valer a sua força pelo que faz publicar um Alvará (2), com data de 6 de Agosto de 1694, para que se tomem providências para evitar os danos causados pelos pescadores e mareantes.
Para além da aplicação de coima, no valor de 2,000 réis, era imposta, também, uma pena de prisão por 20 dias, e em caso de reincidência aplicava-se o dobro da pena, fundamento bastante, para compelir os pescadores de tais propósitos.
Texto do alvará na íntegra na imagem ao lado (clicar para ampliar).
(1) Moio – antiga unidade de medida equivalente a 60 alqueires.
(2) Alvará – Vigência temporal de um ano, caso vigorasse ad-eternum, dizia-se Alvará com força de Lei.
(2) Alvará – Vigência temporal de um ano, caso vigorasse ad-eternum, dizia-se Alvará com força de Lei.
Bibliografia
Fonte: Universidade Nova de Lisboa, Ius Lusitaniae - Fontes Históricas do Direito Português.
Dias, José Alves "Uma grande obra de engenharia em meados do Século XVI: A mudança do Curso do rio Tejo”, Estampa, Lisboa, 1984.
2 comentários:
Caro Dr. Freire:
Depreendo, não sei se erradamente, que a alteração do curso do rio Tejo foi apenas feita à custa da sementeira e plantação de grandes quantidades de salgueiros; Estou certo?
Obrigado!
Paulo Rebelo
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