Centro de Interpretação Templário - de 18 de novembro de 2018 a abril de 2019
Esta região afirmou-se na história de Portugal devido
à sua importância estratégica, quer pelo atravessamento de boas vias de
comunicação, de que são exemplo as vias romanas e as estradas reais, quer pela
complexidade dos tráfegos comerciais realizados através do rio Zêzere e Tejo.
Este último, “pelo qual se vai para o mundo” parafraseando Fernando Pessoa, é
símbolo de grandeza e de missão histórica de Portugal.
Junto a ele construiu a Ordem do Templo o Castelo
de Ozêzere, o Castelo de Almourol, o Castelo da Cardiga, a Torre do Pinheiro
Grande e a Torre da Atalaia. Gualdim Pais, o Grão-Mestre dos Templários, fez
destas posições o centro nevrálgico da expansão de Portugal para sul.
“Tagus,
Tejus, Tejo. Muitos nomes, um mesmo rio.
Fenícios,
Cartagineses, Romanos e Árabes rasgaram as suas águas, fazendo dele uma estrada
de eleição (...) A história do Tejo é uma história milenar de que a maioria dos
mortais apenas pode fazer vagas suposições, muitas delas baseadas no saber
adquirido pela experiência de ver os elementos a interagirem com o rio e com a
terra. Ao longo de séculos, os homens sulcaram as suas águas, fintado a sua
braveza, servindo-se do obstáculo que constitui para definirem fronteiras e
barreiras contra exércitos, inimigos ocasionais e todo o tipo de perigos,
alguns mesmo imaginários…”(1)
É também aqui que se inicia a epopeia dos descobrimentos.
Estes só foram possíveis graças às pessoas, aos meios e às técnicas de
navegação dos nossos antepassados. As primeiras viagens foram feitas em barcas
e só mais tarde, já com embarcações robustas e capazes de navegar com
ventos contrários, as caravelas.
Proeminente nesta missão foi Gonçalo Velho,
Comendador do Castelo de Almourol e da Quinta da Cardiga, corajoso cavaleiro da
Ordem de Cristo, ousado mareante da Escola de Sagres e egrégio companheiro do
Infante Dom Henrique, que construiu as primeiras embarcações na sua Comenda
junto do Rio Zêzere, perto do lugar de Frade (atual Limeiras) e de Fernando
Eanes (atual Outeiro) e daqui levou as nossas gentes para esta colossal
epopeia, a expansão ultramarina.
É essencial para Vila Nova da Barquinha, e para os
seus dirigentes autárquicos, perceber que a valorização do património é um
recurso económico que deve ser aproveitado.
A cultura e o turismo têm um valor económico significativo,
são um privilegiado campo de atuação, potenciadores de inovação e
desenvolvimento.
Por ser ambicioso e original este Centro de Interpretação,
contou com a prestimosa colaboração
do Turismo de Portugal e de instituições consagradas,
o Exército Português e o Convento de Cristo. Importa verbalizar que o nosso
território regional já está profundamente pensado sob diferentes ângulos de
atuação, mas, infelizmente não dispõe, neste momento, de uma visão de conjunto
fundamentada numa ampla e segura caracterização, permanentemente atualizada de
modo a defender uma estratégia que passa por saber cativar os visitantes do
Castelo de Almourol, do Convento de Cristo e da Torre Templária de Dornes, para
que eles permaneçam na nossa região.
Certo é que “Ninguém ama o que desconhece”.
Dar a conhecer impõe-se como o primeiro ato devido
a quem tem responsabilidades de decidir ou influenciar.
Dar a conhecer e desenvolver é também uma obrigação
de serviço público autárquico e por isso estratégia da realidade em que se
intervém.
O Centro de Interpretação que hoje inauguramos é um
bom exemplo do dar a conhecer e do afeto das nossas gentes aos templários e ao
desenvolvimento do Turismo Militar em Portugal.
(1)
IN “OS AUTOS DA
BARQUINHA”, DE EMÍLIO MIRANDA
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