Todavia, está a referir-se à 3.ª invasão quando a nossa terra, também, foi flagelada pela 1.ª invasão, factos ocorridos nos dias 26 e 27 de Novembro de 1807.
Dados históricos, cedidos ao autor, permitem afirmar, inequivocamente, que os franceses passaram por Tancos, Barquinha, Atalaia, Cardiga e Golegã.
No livro, Thiébault, Lieutenant-Général, « Séjour de l’armée à Abrantès ; marche de l’armée sur Lisbonne, et son entrée dans cette capitalle » in Relation de L’Expédition du Portugal faite en 1807 et 1808, par le Ier Corps D’Observation de la Gironde, devenu Armée de Portugal ; Paris, Chez Magimel, Anselin et Pochard, Libraires Por L’art Militaire, 1817, o autor, que é militar, narra, diariamente os factos para o lado francês com uma imparcialidade impressionante impensável para um leitor do século XXI.
Assim, esta publicação francesa conta-nos que a 19 de Novembro de 1807 Junot entra em Portugal pela Beira Baixa. As tropas napoleónicas atravessaram a ponte de Segura nos dias 19 e 20 e dividiram-se em 3 divisões: A 1ª divisão (espanhola) seguiu pela estrada de Rosmaninhal – Monforte - Castelo Branco, chegando à cidade no dia 20.
- A 2ª divisão e a 3ª divisão seguiram pela estrada Zebreira, Idanha-a-Nova, atingindo Castelo Branco no dia 21. Em Castelo Branco as tropas voltaram a dividir-se. A 1ª divisão avançou por Sarzedas – Sobreira – Cortiça – Cardigos – Vila De Rei – S. Domingos (Sardoal) até Abrantes. A 2ªe 3ª Divisão seguiram por Sarnadas (V.V:Ródão) – Perdigão – Mação, até Abrantes onde chegaram no dia 24 de Novembro.
Em Abrantes as tropas espanholas, dirigidas pelo general Carrafa, seguiram para Tomar. As tropas napoleónicas avançaram por Punhete – Tancos – Golegã, onde chegaram a Santarém no dia 28 de Novembro de 1807.
Ficamos a saber, pelo General Thiébault, que a 26 de Novembro de 1807 as companhias de elite das duas primeiras divisões, reunidas, organizadas em quatro batalhões e colocadas sob as ordens do coronel de Grandseigne, formaram a vanguarda do exército e foram tomar posição em Punhete, actual Constância. O coronel Vicent, comandante da engenharia, depois de ter reunido os materiais necessários para lançar uma ponte de barcos sobre o Zêzere, reúne-se em Punhete para fazer a sua construção. Havia já dois dias que trabalhavam em Punhete para construir uma ponte, onde ela não existia. O rio Zêzere pela sua largura, pela sua profundidade, pela rapidez e força das correntes, que muitas vezes fazia subir trinta pés em poucas horas, engrossou de onze a doze pés durante a noite de 26 para 27, e destruiu todo o trabalho da véspera e que não permitiu recomeçar a construção da ponte.
Conta-nos este autor que procurando apressar a sua marcha, o general chefe reuniu os barqueiros e todos os barcos que se puderam encontrar, mas a noite tinha chegado, e sobre as observações de todas as pessoas do país, ordenou ao coronel Grandseigne se queria efectuar a sua passagem deveria esperar pela manhã. A passagem das tropas durou uma grande parte do dia e isto retardou a sua marcha de modo que a vanguarda não chegou nesse dia à Golegã e a primeira divisão à Cardiga.
O zelo com o qual os bateleiros de Punhete trabalharam para passar o exército, determinou que o general Junot lhes desse 2,000 fr. de gratificação.
Diz-nos o autor se os portugueses tivessem sobre este ponto 3.000 homens, os franceses não teriam passado.
Embora as tropas não tivessem qualquer pretexto para cometer novas desordens, alguns soldados pilharam durante o dia nas localidades no nosso concelho.
No sentido de manter a disciplina, os acusados foram então presos, julgados, condenados e fuzilados na Golegã.
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