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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

20.1.08

O Pelourinho da Atalaia e de Tancos

O Pelourinho da Atalaia e de Tancos
Transcrição do artigo que sob o título acima foi publicado em Janeiro do 1940, no antigo jornal "O Moitense” , assinado por J. F.
"Ao folhearmos - "Os Pelourinhos Portugueses - lá encontramos o que Xavier da Cunha escreveu, em 1881, a respeito da destruição dos da Atalaia e de Tancos. Para não ofender a memória da vereação camarária que os mandou destruir não transcrevemos aqui os termos rijos com que ele classifica esses vereadores; apenas diremos que o pretexto para a demolição foi a "decência e o asseio público", quando é certo que só por facciosismo político eles foram derrubados.
Mas nem só a Atalaia e Tancos perderam esses monumentos históricos; a grande maioria dos nossos concelhos sofreu o vandalismo das edilidades que, de camartelo municipal em punho, e numa loucura injustificada, derrubaram por esse País fora esses Padrões, "símbolos da liberdade municipal" como lhes chamou Alexandre Herculano.
"Esses monumentos, disse Pinheiro Chagas, embora tenham acumulado as funções de padrão de autonomia dos concelhos, com as de posto de ignominia, merecem todavia, ser conservados e resguardados do preconceito dum modernismo inconsciente que em muitas terras do Reino se tem levantado contra eles. O pelourinho municipal era o foco, donde ia irradiando para todos os pontos, o lúcido esplendor da emancipação popular. Das relíquias que nos legaram os séculos, os pelourinhos, que simbolizaram a jurisdição municipal, são as mais interessantes e dignas de veneração"
"Pelourinho, era pois símbolo de jurisdição; - acentua Luís Chaves - quem o tinha, patenteava assim a privilégio mais claro a apetecido da Idade Media. Como distintivo da jurisdição dum concelho e da sua autonomia municipal, o pelourinho erguia-se diante do edifício da Câmara ou paços do senado, o fórum da vida comunal dos vizinhos, desde que aos concelhos foi permitido nos fins do século XII, erigirem por seus tais monumentos. Arranquemos os pelourinhos à calúnia, para os tornarmos mais formosos e atraentes, pois eles são o monumento local, atestado de velhas liberdades, que constituem o tesouro patente das regalias públicas".
Do pelourinho do Atalaia, ainda nos recordamos de ver parte do sua coluna caída no chão, junto ao local onde ele esteve erecto, e onde hoje se ergue um candeeiro de iluminação publica defronte da fachada principal do antigo edifico da Câmara, transformado em actual edifício escolar e sede da Junta de Freguesia. Ali esteve bastantes anos abandonado esse resto simbólico da autonomia do velho concelho da Atalaia, que, por fim, foi depositado no museu arqueológico do Convento do Cristo, em Tomar, a onde se encontra aguardando que mãos caridosas a vão buscar para, em cumprimento do decreto ainda não há muito tempo publicado sobre o assunto, se proceder a sua reconstituição no lugar de onde nunca devia ter saído.
Do de Tancos não temos recordação alguma, mas temos informação segura da sua erecção na antiga Praça, junto ao cais do Tejo.
No extinto concelho de Paio de Pelle, não temos conhecimento da existência do pelourinho, mas quer-nos parecer que, tratando-se duma vila com julgado e foral velho e novo, não devia deixar de existir também ali o símbolo da liberdade municipal ".

Ao ler ele belo texto verifico que o pelourinho é padrão de glória para a Atalaia porque significou que esta terra foi concelho e que aqui foi administrada justiça civil e criminal. Foi construído na Atalaia, e com que satisfação e alegria popular teria sido edificado (!) quando esta população se viu autónoma face a outros concelhos.
Não posso compreender - como o autor acima referido como J.F. - os motivos para a sua remoção pois além de ser um emblema de glória para a Atalaia certamente serviria para alindar a entrada da Vila.
Em conclusão, será pedir muito aos nossos patrícios para que se façam as buscas necessárias dos restos do pelourinho da Atalaia e seja reconstituído logo que haja ocasião oportuna ?
Os pelourinhos são classificados como imóveis de interesse público por Decreto-Lei n.º 23122, de 11 de Outubro de 1933.

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