Temos que recuar ao Portugal medieval, à sua organização política e social bem como à estrutura jurisdicional e ainda à fundação dos concelhos, para melhor compreender o papel do pelourinho na sociedade portuguesa. Esse monumento peculiar é resultado da concessão da carta de foral outorgada aos concelhos. Um pelourinho é um padrão de glória ! Sim, porque significa que a Atalaia foi Villa quando esta terra se viu livre das pretensões de outros lugares por foral de D. Dinis (1315) e de D. Manuel (1514) . A construção dos pelourinhos verificava-se, nas nossas povoações, num lugar central, normalmente na praça principal e num espaço de fácil acesso ao público. Na Atalaia o pelourinho situava-se junto à actual sede da Junta de Freguesia. Era o local onde os acusados eram amarrados e chicoteados perante a população. A aplicação da justiça medieval compreendia penas corporais e penas capitais (de morte), quer por instrumentos de metal quer por enforcamento. A morte podia ser efectuada no pelourinho ou na forca. O Sr. João Caetano, de provecta idade, refere que o seu pai lhe falava de uma forca que existira na Atalaia e onde eram enforcados os criminosos, uma oliveira centenária. (Em breve iremos aprofundar este novel assunto). Também no local do pelourinho da Atalaia se passaram, certamente, a afixar alvarás, éditos e outros documentos. Os motivos da destruição do Pelourinho da Atalaia são desconhecidos. Mas não andaremos longe da verdade se conjugarmos a sua destruição com a forte ligação dos povos da Atalaia à causa liberal. Consabido que os liberais viam os pelourinhos como símbolos de tirania, de opressão e de morte, fácil é de concluir que a o pelourinho foi apeado e desmontado por atalaienses ligados aos ideais liberais. Não permitiu a revolução liberal que a Villa da Atalaia conservasse o seu pelourinho, o padrão das suas antigas glórias e de desonras. Quem entrar nesta Villa não verá mais que esta terra foi lugar de história e que é povoado de memórias ... A não ser que haja vontade de o reconstruir a fim de ser levantado no seu lugar como padrão das suas antigas glórias.
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- Fernando Freire
- ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
- Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.
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