Esta casa senhorial foi comprada aos Condes da Atalaia em 1892 pelo Dr. António Zagallo Gomes Coelho, que era médico em Vila Nova da Barquinha, casado com Maria Luísa Lamas. A casa sofreu grandes alterações deste a sua construção, que se calcula ser dos finais do século XVI, início do século XVII. Os extensos jardins que a rodeavam estão hoje mais pequenos, mas a sua traça exterior foi mantida e preservada pelo gosto de quem, ao longo dos tempos, tentou não esquecer a história. A conversa com os proprietários indicia, de facto, todo o cuidado que existiu, especialmente a partir do momento em que decidiram criar o Turismo Rural, em preservar toda a tradição e história. A compilação de factos históricos, a manutenção da traça e características da casa, através da sua decoração e ambiente gerais, demonstram o cuidado interesse em não descorar pormenores que possam desvirtuar o conceito de Turismo Rural que aplicaram a esta casa senhorial. O nome Casa do Patriarca surgiu como homenagem ao Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Manuel da Câmara. O Cardeal Patriarca nasceu nesta casa em 1686. Era filho do quarto Conde da Atalaia D. Luiz Manoel Távora e de D. Francisca Leonor de Mendonça. Foi eleito patriarca de Lisboa em 1754 e voltou para a Atalaia para passar a última parte da sua vida com a sua sobrinha, D. Constança Manuel, marquesa de Tancos, que na data do seu falecimento (1758) já herdara a Casa da Atalaia. Como casa brasonada, um dos brasões foi entregue a D. Duarte de Atalaya por volta de 1935, outro poder-se-á ver incrustado numa das paredes da junta de Freguesia da Atalaia e outro ainda pertence a um particular. No interior, fruto da pesquisa de familiares, podem observar-se árvores genealógicas das famílias dos proprietários. Na genealogia dos Zagallos, encontra-se, por exemplo, o nome de Bernardim Ribeiro, enquanto na família Gomes Coelho, surge o nome de Júlio Dinis.
A recuperação e o projecto
Em 1976, quando o casal anfitrião regressou de Moçambique, a casa não tinha condições de habitabilidade. Mas quando há 12 anos decidiram, com a concordância dos 5 membros desta família, elaborar o projecto, sabiam que o processo seria difícil mas compensador. Com o apoio do ADIRN (Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte) candidataram-se ao projecto Leader 1, de fundos europeus para o desenvolvimento das economias rurais. Em 1995, a Casa do Patriarca estava a funcionar em pleno. Para garantir a qualidade do serviço que prestam, desde a fase de projecto, que os proprietários têm participado em acções de formação variadas: desde atendimento, hotelaria, seminários de turismo, até arranjos florais e restauração de móveis.A recuperação foi feita, tendo sempre em atenção a traça original, como já referimos. Esse esforço foi feito com todos os intervenientes na obra, desde arquitectos a pedreiros e com a orientação cuidada dos proprietários. Para manterem sempre este local como desejam, há que fazer um esforço de constante remodelação e conservação, que nesta altura, com os conhecimentos adquiridos e com o prazer que ressalta das suas palavras, é feita pelos próprios.
O Alojamento
Esta unidade, equipada com aquecimento central, tem seis quartos, com casa de banho privativa e televisão com recepção via satélite. Cada quarto tem o seu nome, quer baseado na decoração, quer em algum pormenor: Patriarca, Quinta, Namoradeiras, Saua Saua, Oriente, Almirante. Vejamos a explicação para o quarto das namoradeiras: existem no quarto duas namoradeiras de pedra junto à janela. Estas serviam para as meninas se sentarem da parte de dentro da janela (a fingir que bordavam) e os pretendentes a passarem (casualmente) rua acima, rua abaixo. Também tinha a função de pôr em dia os enredos que se passavam na terra. Já o quarto Saua Saua adquiriu o nome de uma praia lindíssima do norte moçambicano e está decorada com motivos daquele país africano. Há uma sala de estar, com mesa para os pequenos-almoços, onde pode conversar, ler, jogar... O jardim é totalmente cuidado pelos proprietários, com especial relevo para o filho mais novo, Luís Filipe, e há um trabalho realizado sobre todas as espécies que ali se podem encontrar. Existem ainda diversos artefactos antigos, e um tanque convidativo a um mergulho bem refrescante, para os dias mais quentes.Os hóspedes da Casa do Patriarca são na sua maioria estrangeiros, sendo que alguns são já clientes habituais. De qualquer forma, o casal refere que se tem notado ao longo dos anos que os portugueses apreciam cada vez mais este tipo de turismo e a adesão tem vindo a aumentar, não existindo, no entanto, uma faixa etária predominante. De qualquer forma, o ambiente acolhedor transparece em cada palavra do casal que nos recebeu com tanta amabilidade.
(In Jornal Imobiliário: http://www.imonews.pt/, artigo publicado em 3-1-2008.
(In Jornal Imobiliário: http://www.imonews.pt/, artigo publicado em 3-1-2008.
Concedida autorização para transcrição no presente blog).
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