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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

13.9.08

A Barquinha e a Cardiga em 1808

Adam Neale (1) era um médico militar britânico. Em 1809, na sua obra "Cartas de Portugal e Espanha", descreve-nos factos do ano de 1808 sobre a Golegã, Cardiga, Barquinha e Tancos. Na sua viagem pelo país vai fazendo uma observação “clínica” do estado de Portugal, das suas gentes e da sua paisagem.
Da sua experiência na Guerra Peninsular, enquanto elemento da retaguarda do Exército Britânico, fez história , de enorme beleza, e descreve-nos, numa antítese brilhante, um país pacífico e ... um país que se encontra em guerra !
Tradução do original - Lina Palhota (2):
“ A estrada da Golegã passa por uma terra, quase coberta na sua totalidade por oliveiras, até chegar a uma aldeia, Cardiga, situada nas margens do Tejo. Também aqui os camponeses andavam na apanha da azeitona.
Na Cardiga existe um bonito e velho convento com uma altíssima torre redonda, suspensa sobre a estrada e que sobressai numa das paisagens mais bonitas do Tejo. Ao atravessar o pequeno curso de água para a Cardiga, deparamo-nos com uma paisagem soberba. Uma pequena ponte e a torre redonda apareciam em primeiro plano, numa paisagem onde se via à distância umas colinas bastante bem cultivadas, no meio das quais se podia ver, bem integrada, no outro extremo do já referido rio Tejo, a alva aldeia da Barquinha.
Muitas velas brancas, como que esvoaçando pelo límpido rio abaixo, em cujas margens, cobertas de canaviais, acena um alto bosque de choupos pretos e por baixo dos seus ramos a estrada conduzia-nos à Cardiga.
Barquinha é uma pequena mas próspera aldeia que floresceu com a decadência da antiga vila de Tancos.
Deparámo-nos aqui com uma grande azáfama e actividade.
Pelas ruas ecoavam os sons dos malhos de construção de barcos e os ásperos berros dos barqueiros que apinhavam os pequenos barcos que se encontravam na margem, à medida que iam embarcando as suas cargas de lenha, destinadas ao fornecimento de Lisboa.
Quando se deixa a Barquinha para trás a estrada serpenteia ao longo do Tejo junto do declive abrupto de uma montanha de granito, e mais ou menos a meia-légua de distância, chegámos a este lugar (Tancos), onde pernoitaremos.”
(1) Neale, Adam, “Letters from Portugal and Spain” Comprising an Account of the Operations of the Armies Under Their Excellencies Sir Arthur Wellesley and Sir John Moore from the Landing of Troops in Mondego Bay to the Battle at Corunna. French Revolution Collection. London: Richard Phillips, 1809.
(2) O meu muito obrigado à minha querida prima pela tradução do Inglês da época de 1800.

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