«as Ordenanças não são verdadeiramente Corpos militares, e só se devem considerar como um viveiro de Paisanos, donde saiem, e para onde se recolhem os indivíduos, que hão-de ir servir nos Corpos regulares, e Auxiliares, e para onde voltam os que se inutilizam», sendo que «os Oficiais destes Corpos [não têm] senão o nome de Oficiais, honrando-se com aqueles Títulos para se encarregarem das divisões, e subdivisões em que for preciso dividirem-se todos estes paisanos para melhor se compreenderem, e sem confusão se poder dispor deles …”
Também, no Auto das Cortes, Cidade de Lisboa, em Dezanove de Setembro de 642, Estado do Povos, Lisboa, António Alvarez Impressor Del Rey N.S., 1645, descrevia:
«Que suposto o Reino contribuio com o dinheiro para vinte mil infantes, e dois mil e oitocentos cavalos, não serão obrigados os povos, nem os lavradores acudir as fronteiras, senão nas ocasiões precisas, que se declaram no Regimento das Décimas, tirados os auxiliares, pessoas desobrigadas, que se hão de tirar de cada companhia [de Ordenanças] en todas as Comarcas para estarem prevenidos, e armados para sem opressão dos povos acudirem nas ocasiões, e aos lugares onde for necessario.» págs. 22 e 23, e Doc. n.°3 - Alvará de 24 de Novembro de 1645.
Os oficiais que integravam das Ordenanças faziam parte da nobreza local.
Eis a lista dos militares do nosso concelho que, à data, tinham um poder de patrocínio social nas comunidades locais, poder certamente invejado uma vez que eram estes que escolhiam quem ia para a guerra ou quem ficava dispensado de tal dever.
Atalaia
LUIS DE BARROS DA SILVA, Capitão de Ordenanças da vila da Atalaia, comarca de Tomar, que vagou por morte de José Ferreira Maia. Em 13-VIII-1775.
MANUEL ESCUDEIRO DE SOUSA, Capitão de Ordenanças da vila de Atalaia, que vagou por morte de Luís de Barros da Silva. Em 11-V-1807.
Paio de Pele
FRANCISCO DE MELO CARRILHO VELASCO, Capitão de Ordenanças, que vagou por morte de Belchior Garcia. Em 03-III-1760.
JOSÉ SIMÕES LOBATO, Capitão de Ordenanças, que vagou por morte de João da Silva Barbosa. Em 02-XII-1806.
JACINTO MANUEL FRANCISCO, Capitão da 14.ª Companhia de Ordenanças. Em 27-IV-1830.
Tancos
FERNANDO JOSÉ DA MOTA FIGUEIREDO, Capitão de Ordenanças, que vagou por morte de António Marques Anjo. Em 03-III-1760.
MANUEL DA SILVA, Capitão de Ordenanças, que vagou por morte de Fernando José da Mota Figueiredo. Em 07-VIII-1789.
EUSÉBIO DA SILVA CARDOSO, Capitão de Ordenanças agregado. Em 30- XI -1806.
Bibliografia: Borrego, Nuno Gonçalo Pereira, As Ordenanças e Milícias em Portugal – subsídios para o seu estudo, Guarda-mor, 2006
Fotografia: Imagem retirada da página on-line da Direcção-Geral de Arquivos
4 comentários:
Bom estudo, bom trabalho afixado, texto e imagem.
O «Atalaia» será certamente dos primeiros a tratar desta matéria.
Um Abraço,
FN.
Desconhecia a tua vertente "surfista" executiva! Efectivamente verifiquei que gastaste umas largas horas em 2007 e 2008 a escrever este teu diário na blogosfera. Ah Valente!
Não percas a iniciativa de continuar a aprofundar os temas da tua contemporaneidade e, bem assim, dos que te antecederam com os olhos no porvir!
Um muito obrigado por me teres dado a conhecer esta tua faceta que desconhecia mas que louvo pelo mérito da mesma.
Cumprimentos.
Américo Simples
É um historiador, pois claro....
Abraço
N.Gameiro
O Capitão Manuel da Silva, nasceu na freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Vila de Tancos, por volta de 1740, faleceu em 16.6.1818 na mesma freguesia, no estado de viúvo de D. Antónia Teresa de Mesquita, foi sepultado na Santa Casa da Misericórdia desta Vila que, à data, servia de paróquia, onde se fez ofício de corpo presente.
O Capitão Eusébio da Silva Cardoso, é filho do Capitão Manuel da Silva e de sua mulher D. Antónia Teresa de Mesquita, foi baptizado na Igreja Paroquial de N. S. da Conceição de Tancos por volta de 1773.
Capitão da 15ª Companhia em Tomar, integrou a lista dos oficiais de Ordenanças da Província da Estremadura demitidos por não convir que ficassem no mesmo posto; Decreto de 2/9/1830, publicado na Gazeta de Lisboa, n.º 122, segunda-feira, 22/9/1830.
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