Cemitério: Palavra de origem grega koimetérion "dormitório, quarto de dormir". No latim coemiterium ou cemeterium. Os cristãos crêem que é o local onde dormem aqueles que nos antecederam e viveram na fé cristã e que aguardam o dia da ressurreição.
Na nossa Vila, como em outros locais do país, os nossos antepassados eram sepultados dentro da Igreja ou no adro. Sepultar os defuntos dentro dos templos era, para a nossa sociedade predominantemente católica, um imperativo religioso. Numa população devota é fácil de entender que os restos mortais dos seus entes queridos fossem sepultados nos locais de culto. Ficavam, para o povo cristão, eternamente sob a protecção de Deus.
Aconteceu que , em 26 de Novembro de 1845, foi publicado o Decreto de reorganização da saúde pública em Portugal. Este diploma veio impor o enterro dos defuntos nos cemitérios, fora das vilas e aldeias, uma vez que o Decreto de 21 de Setembro de 1835, uma das primeiras iniciativas do Governo liberal, não foi cumprido pelas populações. Tal decreto ordenava que se estabelecessem cemitérios públicos em todas as povoações do País e cominou penas graves ao pároco ou qualquer eclesiástico que consentisse enterramentos dentro dos templos. Houve forte oposição quer ao Decreto de 1835 quer ao de 1845, sobretudo no Norte de Portugal. A contestação a este diplomas legais conduziram a várias revoltas, e a enorme agitação social, e deram origem, no ano seguinte, à chamada revolução da “Maria da Fonte”. Estas medidas, proibição do enterramento dos defuntos dentro das Igrejas eram, aos olhos do povo, um ultraje e sacrilégio uma vez que permitiam que se enterrassem pessoas no campo, em locais isolados, tal e qual como se fossem animais, afastandoa-as dos locais sagrados e dos templos religiosos.
Fiz este pequeno enquadramento histórico para introduzir, ex novo, a questão do tempo da construção do nosso cemitério e desde quando os nossos antepassados repousam em tal lugar.
Que foram feitos enterramentos no adro da nossa Igreja da Atalaia não existem dúvidas pois sabemos que apareceram ossadas aquando das obras envolventes.
Incertezas existem quanto à data da construção do cemitério. Tudo leva a crer que o nosso cemitério paroquial fosse construído por volta do ano de 1835/1845. E com que fonte histórica podemos afirmar este facto?
Sobre este assunto, das leituras de fiz, não encontrei nenhuma referência histórica à sua edificação.
Num dia solarengo matinal, ao visitar o cemitério, verifiquei que no lado sul ergue-se uma grande cruz de pedra. Analisando-a em pormenor pude verificar a seguinte inscrição “1746”.
Sabendo que o cemitério para o lado sul fora alargado no tempo do Sr. António Vital, atalaiense que muito prezo e respeito, essencialmente pela alegria quando fala das coisas da “nossa” Atalaia, abordei-o no sentido de acrescentar algo à história. Informou-me que aquando da ampliação do cemitério o cruzeiro fora deslocado e acompanhou o seu alargamento.
Hipótese verosímil é a possibilidade do cruzeiro ter sido transferido do adro da Igreja ou de algum cruzamento para o cemitério paroquial.
Assim, é provável que o nosso cemitério fosse construído entre 1835 a 1845. Com que fundamentos fazemos esta afirmação? A lei e os alvarás exigiam, naquele tempo, que o cemitério ficasse a pelo menos a 143m (200 passos) de distância das mais adjacentes habitações, e isto em razão de ser considerado um cemitério como estabelecimento insalubre de primeira ordem, categoria que a Atalaia devia ter à data. Acontece que a distância aproximada do nosso cemitério à nossa Igreja Paroquial e às primeiras casas residenciais, mormente a do Dr. Estáquio Picciochi e Dr. Zagallo, andará muito perto desta distância mínima imposta pelo Decreto de 1835, os tais 200 passos - 143 metros, o que nos levaria a concluir, em primeira hipótese, que o cemitério foi construído depois de 1835 e que a cruz de 1746 teria sido “deslocalizada” do adro da Igreja, ou de algum cruzamento de caminhos, para o cemitério paroquial, situação exequível consabido que na nossa Vila existiam vários cruzeiros.
Esta hipótese – construção depois de 1835 - colhe com as fontes presentes no terreno do cemitério, pelos menos com 2 campas em que a morte ocorreu nos anos de 1877 e 1884.
Assim, é convicção do autor que desde 1835, no actual cemitério, fizeram-se os enterramentos dos defuntos desta Vila. Depois, com o andar dos tempos, melhoramentos significativos foram efectuados por parte das autarquias.
Na nossa Vila, como em outros locais do país, os nossos antepassados eram sepultados dentro da Igreja ou no adro. Sepultar os defuntos dentro dos templos era, para a nossa sociedade predominantemente católica, um imperativo religioso. Numa população devota é fácil de entender que os restos mortais dos seus entes queridos fossem sepultados nos locais de culto. Ficavam, para o povo cristão, eternamente sob a protecção de Deus.
Aconteceu que , em 26 de Novembro de 1845, foi publicado o Decreto de reorganização da saúde pública em Portugal. Este diploma veio impor o enterro dos defuntos nos cemitérios, fora das vilas e aldeias, uma vez que o Decreto de 21 de Setembro de 1835, uma das primeiras iniciativas do Governo liberal, não foi cumprido pelas populações. Tal decreto ordenava que se estabelecessem cemitérios públicos em todas as povoações do País e cominou penas graves ao pároco ou qualquer eclesiástico que consentisse enterramentos dentro dos templos. Houve forte oposição quer ao Decreto de 1835 quer ao de 1845, sobretudo no Norte de Portugal. A contestação a este diplomas legais conduziram a várias revoltas, e a enorme agitação social, e deram origem, no ano seguinte, à chamada revolução da “Maria da Fonte”. Estas medidas, proibição do enterramento dos defuntos dentro das Igrejas eram, aos olhos do povo, um ultraje e sacrilégio uma vez que permitiam que se enterrassem pessoas no campo, em locais isolados, tal e qual como se fossem animais, afastandoa-as dos locais sagrados e dos templos religiosos.
Fiz este pequeno enquadramento histórico para introduzir, ex novo, a questão do tempo da construção do nosso cemitério e desde quando os nossos antepassados repousam em tal lugar.
Que foram feitos enterramentos no adro da nossa Igreja da Atalaia não existem dúvidas pois sabemos que apareceram ossadas aquando das obras envolventes.
Incertezas existem quanto à data da construção do cemitério. Tudo leva a crer que o nosso cemitério paroquial fosse construído por volta do ano de 1835/1845. E com que fonte histórica podemos afirmar este facto?
Sobre este assunto, das leituras de fiz, não encontrei nenhuma referência histórica à sua edificação.
Num dia solarengo matinal, ao visitar o cemitério, verifiquei que no lado sul ergue-se uma grande cruz de pedra. Analisando-a em pormenor pude verificar a seguinte inscrição “1746”.
Sabendo que o cemitério para o lado sul fora alargado no tempo do Sr. António Vital, atalaiense que muito prezo e respeito, essencialmente pela alegria quando fala das coisas da “nossa” Atalaia, abordei-o no sentido de acrescentar algo à história. Informou-me que aquando da ampliação do cemitério o cruzeiro fora deslocado e acompanhou o seu alargamento.
Hipótese verosímil é a possibilidade do cruzeiro ter sido transferido do adro da Igreja ou de algum cruzamento para o cemitério paroquial.
Assim, é provável que o nosso cemitério fosse construído entre 1835 a 1845. Com que fundamentos fazemos esta afirmação? A lei e os alvarás exigiam, naquele tempo, que o cemitério ficasse a pelo menos a 143m (200 passos) de distância das mais adjacentes habitações, e isto em razão de ser considerado um cemitério como estabelecimento insalubre de primeira ordem, categoria que a Atalaia devia ter à data. Acontece que a distância aproximada do nosso cemitério à nossa Igreja Paroquial e às primeiras casas residenciais, mormente a do Dr. Estáquio Picciochi e Dr. Zagallo, andará muito perto desta distância mínima imposta pelo Decreto de 1835, os tais 200 passos - 143 metros, o que nos levaria a concluir, em primeira hipótese, que o cemitério foi construído depois de 1835 e que a cruz de 1746 teria sido “deslocalizada” do adro da Igreja, ou de algum cruzamento de caminhos, para o cemitério paroquial, situação exequível consabido que na nossa Vila existiam vários cruzeiros.
Esta hipótese – construção depois de 1835 - colhe com as fontes presentes no terreno do cemitério, pelos menos com 2 campas em que a morte ocorreu nos anos de 1877 e 1884.
Assim, é convicção do autor que desde 1835, no actual cemitério, fizeram-se os enterramentos dos defuntos desta Vila. Depois, com o andar dos tempos, melhoramentos significativos foram efectuados por parte das autarquias.
Novas obras de ampliação e melhoramentos, iniciadas em Fevereiro de 2009, se estão a processar para o tornar mais digno.
Por último, sempre dir-se-á que o tema cemitério, ou morte, não é um tema agradável mas devemos reter que a piedade, o respeito e o culto dos mortos só nos dignifica enquanto vivos.
Para os nossos leitores, sempre atentos, este tema tão controverso fica em aberto …
“Plus vident oculi quam oculos” vários olhos vêem mais que um olho !
Por último, sempre dir-se-á que o tema cemitério, ou morte, não é um tema agradável mas devemos reter que a piedade, o respeito e o culto dos mortos só nos dignifica enquanto vivos.
Para os nossos leitores, sempre atentos, este tema tão controverso fica em aberto …
“Plus vident oculi quam oculos” vários olhos vêem mais que um olho !
3 comentários:
Meu Caro,
Gostava de lhe enviar um testemunho pessoal relacionado com o excelente texto histórico que elaborou acerca da data de construção do cemitério da Atalaia.
A revolta popular de que faz eco só aconteceu por falta de esclarecimento do bom povo, a ter sido feito por quem de direito ou seja a Santa Madre Igreja.
O culto dos mortos sempre foi muito forte entre as nossas gentes à semelhança do que o era entre os Árabes que estiveram entre nós cerca de sete séculos.
Como bem refere, o problema era do "chão sagrado" que para as gentes de então era o Templo ou o terreno adjacente-o adro da capela ou da Igreja-e mais nada.
Dentro do Templo era dada sepultura aos altos dignatários da Igreja ficando o adro reservado aos restantes fiéis defuntos.Um exemplo que nos é muito caro é o da Igreja da Força Aérea outrora da Ordem dos Pregadores que tem sepultados membros quer no lajeado quer em túmulos verticais consoante a sua elevação na Ordem dos Dominicanos.
A Basílica de Fátima além dos 3 Pastorinhos sepultados em altares laterais e paralelos tem ainda nas paredes laterais do Presbitério as sepulturas de dois Bispos-O da Diocese de Leiria à altura das Aparições (1917) e o de Leiria e Fátima por ocasião da visita do 1º Papa a Fátima -Paulo VI em 1967.
Voltando ao assunto e aquando da construção dos cemitérios em espaços murados e contíguos às residências populacionais houve o cuidado de informar as gentes que tais espaços eram também "chão sagrado" e por isso, tudo se acalmou e aceitou.
Quando decidi concorrer á Força Aérea, em 1959, já era orfão de Pai e por isso era tutelado por minha mãe, que também já partiu para junto do esposo como é fruto da minha Fé.
Lembro perfeitamente as suas palavras da altura, ao mostrar a sua discordância por tal decisão:
"-Filho corres o risco de não seres enterrado em chão sagrado porque esse é o problema de aviadores e mareantes;conheces muitos exemplos que o mar tragou ou de outros que nem sequer se sabe onde restam."
Pela 1º vez na minha vida "desobedeci" mas não fui repreendido nem me arrependi.
Foi feita a vontade de Deus pela graça do Espírito Santo
Um abraço amigo do
Martins Rodrigues
Fique sabemdo que que nao a so uma fonte na atalaia a uma na mata a saida da atalaia em direcçao a tomar ,podemos ainda lenbrar o miradouro no auto do picoto comstruido pelas tropas ,comseguindo avistar o entrocamento e arredores,incluindo a barquinha,e ainda a mina au pe dos depositos da agua junto a capela
se quer imagens eu tenhoas, obrigado
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