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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

24.4.09

OS PREÇOS DOS BENS ESSENCIAIS NA NOSSA VILA NO SÉC. XIX

“Estuda o passado se queres prognosticar o futuro”
Confúcio
Compulsando as actas da Câmara da Atalaia consegui apurar o preço dos géneros na época de 1834. Colhi, portanto, alguns factos históricos que ofereço aos leitores para que efectuem contas à vida da época dos nossos antepassados.
Certo é que, em meados do século XIX, existia grande movimento de barcos nos Portos da Barquinha, Tancos e Punhete. Rio Tejo abaixo e rio Tejo acima. Também, algum movimento de almocreves nos concelhos de Paio de Pele, Tancos e Atalaia. Estes transportavam, de umas para outras terras, os vários produtos alimentares e comercias. Devido à nossa situação geográfica, certamente, efectuar-se-ia o transporte de peixe para o interior e, no sentido inverso, cereais, bem como o transporte de mercadorias agrícolas e artesanais.
É verdadeiramente interessante verificar, nestes documentos, as importantes diferenças de preço, em réis por arrátel, das principais carnes consumidas na nossa Vila da Atalaia, em meados do século XIX.
Carne de Vaca 70 Réis/ Arrátel;
Carne de Carneiro 40 Réis/ Arrátel;
Carne de Capado (porco para engorda) 40 Réis/ Arrátel;
Carne Cabra 35 Réis/ Arrátel.
Verificamos que nas carnes os preços mais acessíveis eram, naquele tempo, as de cabra e de carneiro.
Para acompanhar uma refeição é indispensável o pão feito à base de cereais. Estes, os cereais, foram durante séculos os mais valiosos aliados vegetais do homem contra a fome. Na nossa Vila e nos campos adjacentes eram conhecidas as técnicas da lavoura, muitas de cariz braçal, que permitiam a feitura do alimento mais importante para o seu humano, o pão. Ainda hoje não ter o pão-nosso de cada dia significa, para muitas populações, a miséria (veja-se por exemplo o continente africano frequentemente fustigado por este flagelo). O pão tanto podia ser feito de trigo, como de milho ou cevada.
Para a moagem dos cereais existiam 6 moleiros conforme consta dos censos de 1822. Os moinhos localizavam-se junto da ribeira e ainda hoje se podem ver as suas ruínas ao longo da sua margem.
Os preços dos cereais na Atalaia, em 1834, eram os seguintes:
Cada Arrátel (a) de Pão de Trigo 30 Réis
Cada dois Arrateis de pão de milho 35 Réis
Cada Alqueire (b) de Trigo 480 Réis;
Cada Alqueire de Milho 300 Réis
Cada Alqueire de Cevada 220 Réis
Cada Alqueire de Centeio 300 Réis.
O pão consumido era feito à base de milho e centeio.
O azeite, produto tipicamente mediterrânico, sempre foi utilizado como ingrediente básico na nossa alimentação e ocupava uma posição primordial à data.
O seu preço era o seguinte:
1 Canada de Azeite 18 Réis
Cada Alqueire de Azeite 740 Réis.
Por último o vinho, sempre elemento primordial na mesa de um bom português, pois aquele que se bebe com medida jamais foi causa de dano algum.
Na nossa Vila o preço era o seguinte:
Cada Almude (c) de Mosto 160 Réis.
Disse HIPÓCRATES (460-370 a.C.) "O vinho é bebida excelente para o homem, tanto sadio como doente, desde que usado adequadamente, de maneira moderada e conforme seu temperamento." pelo que, fazendo eu contas, ao preço que este licor está hoje em dia, ao mesmo preço do azeite, felizes eram os nossos antepassados que compravam o saboroso néctar a ¼ do preço.

(a) Arrátel 0.4590 Kg
(b) Alqueire - equivalente a seis Canadas, aproximadamente 15,732 litro, embora varie de região 1 Canada, cerca de 2,622 litros
para região.
(c) Almude - Cerca de 25 litros.

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