
Em 3 de Julho de 1958 publicava o Diário de Notícias, em primeira página, que a electrificação da linha férrea Lisboa-Entroncamento fora ontem inaugurada.
Era a primeira etapa da electrificação da linha férrea Lisboa - Porto.
A obra constava do primeiro Plano de Fomento. Fora orçamentada em 600 mil contos.
Um comboio especial saiu de Santa Apolónia com 200 convidados e passada 1 hora e 16 minutos chegou ao Entroncamento.
Apesar da chuva, que era intensa nesse dia, a população saiu às ruas e saudou a chegada da locomotiva eléctrica com bandas de música e foguetes. Os silvos das máquinas a vapor, que se encontravam na Estação, fizeram-se ouvir para grande contentamento dos escuteiros e de cerca de 3000 ferroviários presentes ao grande acontecimento.
O jornalista refere que o comboio chegou à velocidade de 90 Km/hora em determinados troços da via-férrea.
À data, as entidades oficiais relevaram as enormes vantagens para a economia nacional da introdução da electricidade na via-férrea. Haveria poupança significativa para o erário público pela substituição da energia eléctrica pelo vapor, factor primordial para o equilíbrio das contas da Companhia que era, também já à data, deficitária. Beneficio, em termos económicos, com a diminuição da importação de carvão de países estrangeiros. Por parte da Companhia houve a promessa de melhores serviços e de condições de trabalho para os seus trabalhadores.
Singular é que, hoje em dia, em consequência das alterações introduzidas nos horários pela CP, em 2007, em vez de redução progressiva dos tempos de deslocação entre Lisboa e o Entroncamento, consequência lógica da intervenção de melhoramentos na via da linha do Norte, passou a haver um aumento dos tempos de percurso superior ao praticado há 51 anos, 1 hora e 16 minutos ! Ou seja, actualmente, o comboio inter-regional demora 1 hora e 22 minutos. Um paradoxo, embora tal facto possa explicar o atraso recorrente desta Nação.
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