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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

5.12.12

Igreja da Atalaia antes de 1941




Antes da intervenção de 1941 a Igreja da Atalaia era um monumento muito doente que apresentava elevado estado de degradação. Em consequência deste restauro, que se encontra minuciosamente discriminado no Boletim de 1941, relevo a retirada do altar-mor, em talha dourada, que no dizer dos técnicos estava assente sobre o antigo e que ocultava com o seu retábulo grande parte da capela e alguns belos artesões da abóbada. Mais de afirma que, sem mérito artístico ou tradicional que recomendasse a sua conservação, apeou-se e repararam-se os estragos que a sua instalação tinha provocado, construindo um altar em cantaria semelhante ao primitivo e ainda se construíram mais dois altares laterais que, revestidos de azulejos, substituíram outros vulgares de madeira que desapareceram e cujo traço podemos observar no Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, ano de 1941.
Apesar de sabermos que os entalhadores adotavam um estilo suave e delicado que dava um sabor palaciano à arte religiosa, não fico convencido com os doutos argumentos dos técnicos. Tenho algumas reservas se a Igreja ficou mais bela com a retirada da talha uma vez que a abóbada com as nervuras ficava visível.

Para os leitores apreciaram junto o aspeto do altar-mor e da nave lateral, todas em talha dourada, como era antes da intervenção de 1941 (fotografia ao lado).

Na Igreja da Atalaia releva a capela-mor onde podemos apreciar a abóboda de nervuras, estreladas que morrem em elegantes mísulas (ornato, que ressai de uma superfície, geralmente vertical, e que sustenta um vaso, um busto, um arco) relevadas. No fecho da abóboda uma pedra circular, com cruz floral em relevo, sobre o qual assenta o escudo de armas dos condes da Atalaia.

Podemos deliciarmo-nos com o altar lateral onde existe uma edícula (edifício de pequenas dimensões em forma de templo, de tabernáculo ou de nicho com colunas, que contém uma estátua ou uma pintura) de cantaria com finíssimos coluneis exteriores, assentes em mísula e com cabeças humanas nos capitéis. Jambas curiosamente trabalhadas com figuração humana em três ordens sobrepostas parecendo tratar-se de simbologia ateia ou não bíblica mas de sentido hermético ou esotérico. O fundo da parede lisa fora, possivelmente, pintura.

Na capela batismal podemos observar a pia batismal de pedra, com taça circular assente em base quadrada. Na guarda dos santos óleos, edícula de pedra da região de emoldurado simples que envolve na base duas pequenas carrancas (caras disformes, de pedra, madeira ou metal). Sobre o litel um leque concheado acompanhado de grossos acrotéreos (pedestais das figuras, sobrepostas na frontaria) decorados com ligeiro relevo. Fecha a edícula um bonito jogo de grade de ferro, com três ordens sobrepostas de pequenos balaustres. Uma peça de muito interesse.

Posterior à construção da Igreja que é 1528 podemos ver um púlpito à base de pedra, oitavada, com data de 1674 que se encontra assente em mísula de taça e voluta, tudo de muito bom desenho e o balaústre é fino e feito de pau santo.

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