A
Assunção de Nossa Senhora ao céu é celebrada anualmente a 15 de agosto, data
escolhida, também, para ser o dia da freguesia da Atalaia.
Acontece
que em 24 de dezembro de 2012 escrevi um artigo neste blog "Desde quando existem templos
religiosos na Vila da Atalaia?" - , vide http://atalaia-barquinha.blogspot.pt/2012/12/os-templos-religiosos-na-atalaia.html
onde referi que: "Outra questão deveras curiosa é a questão da padroeira da Atalaia.
Hoje temos por designação que é Nossa Senhora da Assunção. Porém, a imagem
de pedra, de boa escultura, atribuível a Diogo Pires, o Velho, que assenta numa
mísula renascença, figura proeminente na sua capela-mor da Igreja da
Atalaia é Nossa Senhora com o menino ao colo e, seguramente, não é a padroeira.
Conforme escreveu Frei Agostinho da Santa Maria no Santuário Mariano, “a sua forma não diz com o mistério, porque
tem sobre o braço esquerdo o Menino-Deus”. Assim, apesar da sua beleza,
é descabido denominar-se de padroeira a imagem da escultura de pedra do
altar-mor. Esta é, seguramente, Nossa Senhora da Atalaia. Singular é referir
que nos painéis de azulejos inferiores há duas imagens da Virgem que
caracterizam o novo oráculo e o antigo, Nossa Sr.ª da Rosário, o antigo, e
Nossa Sr.ª da Assunção, o novo. Porque será que a Padroeira foi relegada para
2.º plano? Não sei responder. Certo é que a fundação e o povoamento de Portugal
coincidiram com um grande devoção mariana motivada pelo ideal da idade média de
exaltação da mulher, cujo exemplo perfeito era a Virgem Maria.
Por conseguinte seria lógico que Maria
Santíssima fosse escolhida para padroeira de quase metade das igrejas das
terras sucessivamente incorporadas no território português e que, também, a
nossa Igreja da Atalaia lhe seja dedicada."
Agora, a Prof. Manuela Poitout, a
trabalhar numa obra sobre a cronologia do Entroncamento (então Casal da Vaginhas) facultou-me cópia de um
registo baptismal de 1549, já
referenciado pelo Dr. Luís Batista, deveras interessante para esta
temática e que passo a transcrever:
“Aos
8 dias do mês (de) deze(m)bro da era de 1549 anos bautizei / Eu joão da Rosa
cura a Simoa f(ilh)a de fernão p(e)r(e)z E de sua molher briatiz g(onça)ll(ve)z
moradores nos casais das bajinhas/ E forão padrinhos E madrinhas luis a(fons)o
e lianor Simoa / E c(atharin)a f(e)r(nande)z todos fregueses de nossa Sen(n)ora
d’atalaia. (Primeiro Livro de Registo de Baptismos da Paróquia da Atalaia).”
Assim, temos por certo que no ano de 1549
a padroeira era nossa Senhora da Atalaia facto que não deve ter passado despercebido,
em 1941, aos técnicos da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais que colocaram a imagem da Nossa Senhora da Atalaia no lugar central, no altar mor, daquele monumento nacional e Nossa Senhora da Assunção num lugar lateral.
Sabemos que a grande
maioria dos títulos atribuídos a Nossa Senhora tem a sua origem na veneração
popular. Nossa Senhora da Atalaia ou Nossa Senhora da Assunção, estas duas qualificações
dizem respeito à mesma pessoa que é a Virgem Maria, Mãe de Jesus
Cristo, e que desde tempos ancestrais vem sendo venerada pelos Atalaienses. Também estes no dia 15
de agosto de 2017 disseram, mais uma vez, presente!
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