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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

16.12.18

A Barquinha e o Tejo



A localização dos portos fluviais foi decisiva para o desenvolvimento das comunidades ribeirinhas taganas. Os portos do Tejo compreendidos entre Rossio ao Sul do Tejo e Azambuja são separados entre si por distâncias mais ou menos iguais, nomeadamente os de Constância, Tancos, Barquinha, Chamusca, Santarém e Valada-Salvaterra de Magos. Cada um destes portos deveu a sua localização às áreas geográficas que serviu. Não surgiram ao acaso mas antes pela complementaridade com a rede de acessos viários a cada uma dessas mesmas áreas.
Não há por isso aleatoriedade mas rigor funcional na definição dos factores de localização de cada um destes portos, quer porque aí existiu anteriormente um vau, um acesso fácil ao leito, a confluência de dois rios (como por exemplo o Tejo e o Zêzere), ou uma boa
profundidade das águas num determinado ponto (como por exemplo em Valada e Salvaterra de Magos).
A localização do porto de Vila Nova da Barquinha, tal como o de Tancos, foi junto ao leito maior do rio, e cresceu ao longo do Tejo. O porto da Barquinha foi posteriormente vítima de um acentuado assoreamento, o que obrigou à construção de embarcadouros que ligavam perpendicularmente a Barquinha ao rio, sendo disso exemplo o porto da Barca – referido pelo mestre José Marques -, o porto do Dr. Pombeiro e o porto situado junto à Rua da Barca, muito perto da casa do calafate que aqui homenageamos, e que ele tantas vezes referiu nas entrevistas que nos concedeu.
A forma como a urbanização evoluiu nestes portos assemelha-se bastante... Na verdade, a evolução urbana em cada um destes aglomerados seguiu o mesmo processo, dando origem a um cais, a ruas que seguem o seu percurso paralelas ao rio, a largos que constituem nós de ligação destas vias, e a travessas que unem essas ruas, constituindo um reticulado – se assim se pode considerar – que obedeceu a uma lógica de racionalidade na organização do espaço urbano e na articulação deste com o espaço do porto fluvial.
Como corolário refira-se o legado toponímico que evoca a relação íntima da Barquinha com o seu rio e com as actividades a ele ligadas: Rua da Barca – onde, nas palavras de mestre José Marques, tudo começou -, Rua do Tejo, Rua do Sal, Rua Miratejo…

O Último Calafate da Barquinha – Memórias do Mestre José Marques, João Monteiro Serrano, 2016

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