D. João III encarregou Frei António de Lisboa, prior da Ordem de Cristo, do alargamento da Comenda da Cardiga às terras confinantes, ou seja aos concelhos da Golegã e da Atalaia.
As aquisições de terras feitas por Frei António de Lisboa, vieram alterar a fisionomia de toda a nossa região. A seu mando foram desbravados muitos matos e terrenos maninhos e transformadas muitas terras baldias em propriedades lavradas. Com esta intervenção, “in concreto” nos solos da nossa região, foi aumentando a superfície das áreas cultivadas nos concelhos da Atalaia e da Golegã, terras vizinhas da Comenda da Cardiga no século XVI.
Para saber-mos como se encontravam o estado das nossas terras nos anos de 1500 vejamos a descrição feita por Frére Claude de Bronseval, escrivão de Dom Edme de Saulieu, abade de Claraval, visitador das comunidades monásticas cistercienses, nos meados do sec. XVI, anos de 1532 e 1533, http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2077.pdf
Tendo passado pelas vilas de Atalaia e Golegã e nos seus termos, diz-nos ter encontrado, pelo menos nos arredores da Atalaia, grande massa de terrenos incultos. Mas traduzamos a sua mensagem de língua francesa: “ 8 da manhã, imediatamente montamos a cavalo depois de ouvirmos missa. Fizemos uma milha ao longo de um vale entre as colinas áridas e cobertas de rochas, chegamos à vila chamada Asseiceira. Passamos por esta e à nossa direita e à nossa esquerda haviam colinas desertas e chegamos finalmente a uma grande vila chamada Atalaia. Tomamos uma refeição leve e saímos para pastar os cavalos que entraram num vale largo e longo, caminhámos para dois lugares por estrada plana, mas numa região com terrenos pouco cultivados …” (ciclar no mapa acima para ampliar).
Curiosa é a referência em 1532-1533 à Atalaia como “grande Vila”. Tal, poderá significar que àquela data, para um viajante da Idade Média, que calcorreou muitas povoações, a Atalaia teria uma população significativa para a época.
No arroteamento das terras na Atalaia, Frei António de Lisboa viria a comprar aos juízes ordinários e vereadores da Câmara da Atalaia a Coutada da Serra da Atalaia em 19/08/1541, em regime de sesmaria. Este regime de Sesmaria impunha ao novo dono que desbravasse e cultivasse as terras sob pena, se o não fizesse, de as mesmas reverterem para os anteriores proprietários. Apesar dos esforços de desbravamento de terras por Frei António de Lisboa, na nossa localidade, ainda ficaram por cultivar muitos terrenos, sobretudo no seu termo. Aliás, o Conde Lourenuo Magalotti, escrivão do Principe Cosme de Médicis, 3° Grão-Duque da Toscana, na segunda quinzena de Fevereiro de 1669, passou na nossa Vila. Na sua descrição conta-nos ser um lugar pouco cultivado mas com excelentes potencialidades para a caça. Mais, diz que: “ … as povoações que se encontram de Lisboa a Tomar são: … Santarém, Golegã e Atalaia, fora da qual se vê por acabar um grande palácio quadrado de boa e nobre arquitectura, e que é do conde D. Álvaro Manuel de Noronha, 4.º Conde da Atalaia, que tem por título o nome da dita povoação.”
Ficamos assim a saber que em 1669 encontrava-se em construção o palácio do Conde da Atalaia, actual “Casa do Patriarca”, pelo que será muito próximo desta data que se concluiu a sua edificação. Mais refere o autor que os campos não se encontram tão cultivados como na lezíria mas são maravilhosamente adequados a caçadas, sendo da esterilidade da terra abundante recompensa a multiplicidade dos animais que aí se encontram.
Posição idêntica tem no inicio do ano de 1700, o Pe. Carvalho da Costa (que compilou todas as notícias que pudesse sobre as inúmeras localidades portuguesas na sua obra de Corografia Portuguesa, 1712) quando refere que na Atalaia existia uma grande coutada de caça.
Também no início do ano de 1800 se fazem referências às coutadas, à data designadas baldios da Ordem de Cristo no termo da Atalaia (“Memorias de correspondentes". In: Academia Real das Sciencias de Lisboa, 1821). Existiam na Vila da Atalaia alguns baldios, entre outros, na ribeira de Laveiros havia um chamado a mata do concelho (parte da antiga sesmaria da Coutada da Serra da Atalaia) que era muito bom terreno para a plantação de oliveiras, o baldio do Valle das Egoas que tinha bastante água e era apto para a cultura, o baldio do Bracal, Vale do Junco, Vale da Sardinha e por último o baldio do Valle das Sete Fontes, também muito abundante em água. Nestes baldios foram plantadas oliveiras, vinhas, milho e feijão.
Elementos bibliográficos: Cardiga: De Comenda a Quinta da Ordem de Cristo (1529-1630), tese de Mestrado de Luis Miguel Preto Batista, Universidade de Lisboa, 2007.
As aquisições de terras feitas por Frei António de Lisboa, vieram alterar a fisionomia de toda a nossa região. A seu mando foram desbravados muitos matos e terrenos maninhos e transformadas muitas terras baldias em propriedades lavradas. Com esta intervenção, “in concreto” nos solos da nossa região, foi aumentando a superfície das áreas cultivadas nos concelhos da Atalaia e da Golegã, terras vizinhas da Comenda da Cardiga no século XVI.
Para saber-mos como se encontravam o estado das nossas terras nos anos de 1500 vejamos a descrição feita por Frére Claude de Bronseval, escrivão de Dom Edme de Saulieu, abade de Claraval, visitador das comunidades monásticas cistercienses, nos meados do sec. XVI, anos de 1532 e 1533, http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2077.pdf
Tendo passado pelas vilas de Atalaia e Golegã e nos seus termos, diz-nos ter encontrado, pelo menos nos arredores da Atalaia, grande massa de terrenos incultos. Mas traduzamos a sua mensagem de língua francesa: “ 8 da manhã, imediatamente montamos a cavalo depois de ouvirmos missa. Fizemos uma milha ao longo de um vale entre as colinas áridas e cobertas de rochas, chegamos à vila chamada Asseiceira. Passamos por esta e à nossa direita e à nossa esquerda haviam colinas desertas e chegamos finalmente a uma grande vila chamada Atalaia. Tomamos uma refeição leve e saímos para pastar os cavalos que entraram num vale largo e longo, caminhámos para dois lugares por estrada plana, mas numa região com terrenos pouco cultivados …” (ciclar no mapa acima para ampliar).
Curiosa é a referência em 1532-1533 à Atalaia como “grande Vila”. Tal, poderá significar que àquela data, para um viajante da Idade Média, que calcorreou muitas povoações, a Atalaia teria uma população significativa para a época.
No arroteamento das terras na Atalaia, Frei António de Lisboa viria a comprar aos juízes ordinários e vereadores da Câmara da Atalaia a Coutada da Serra da Atalaia em 19/08/1541, em regime de sesmaria. Este regime de Sesmaria impunha ao novo dono que desbravasse e cultivasse as terras sob pena, se o não fizesse, de as mesmas reverterem para os anteriores proprietários. Apesar dos esforços de desbravamento de terras por Frei António de Lisboa, na nossa localidade, ainda ficaram por cultivar muitos terrenos, sobretudo no seu termo. Aliás, o Conde Lourenuo Magalotti, escrivão do Principe Cosme de Médicis, 3° Grão-Duque da Toscana, na segunda quinzena de Fevereiro de 1669, passou na nossa Vila. Na sua descrição conta-nos ser um lugar pouco cultivado mas com excelentes potencialidades para a caça. Mais, diz que: “ … as povoações que se encontram de Lisboa a Tomar são: … Santarém, Golegã e Atalaia, fora da qual se vê por acabar um grande palácio quadrado de boa e nobre arquitectura, e que é do conde D. Álvaro Manuel de Noronha, 4.º Conde da Atalaia, que tem por título o nome da dita povoação.”
Ficamos assim a saber que em 1669 encontrava-se em construção o palácio do Conde da Atalaia, actual “Casa do Patriarca”, pelo que será muito próximo desta data que se concluiu a sua edificação. Mais refere o autor que os campos não se encontram tão cultivados como na lezíria mas são maravilhosamente adequados a caçadas, sendo da esterilidade da terra abundante recompensa a multiplicidade dos animais que aí se encontram.
Posição idêntica tem no inicio do ano de 1700, o Pe. Carvalho da Costa (que compilou todas as notícias que pudesse sobre as inúmeras localidades portuguesas na sua obra de Corografia Portuguesa, 1712) quando refere que na Atalaia existia uma grande coutada de caça.
Também no início do ano de 1800 se fazem referências às coutadas, à data designadas baldios da Ordem de Cristo no termo da Atalaia (“Memorias de correspondentes". In: Academia Real das Sciencias de Lisboa, 1821). Existiam na Vila da Atalaia alguns baldios, entre outros, na ribeira de Laveiros havia um chamado a mata do concelho (parte da antiga sesmaria da Coutada da Serra da Atalaia) que era muito bom terreno para a plantação de oliveiras, o baldio do Valle das Egoas que tinha bastante água e era apto para a cultura, o baldio do Bracal, Vale do Junco, Vale da Sardinha e por último o baldio do Valle das Sete Fontes, também muito abundante em água. Nestes baldios foram plantadas oliveiras, vinhas, milho e feijão.
Elementos bibliográficos: Cardiga: De Comenda a Quinta da Ordem de Cristo (1529-1630), tese de Mestrado de Luis Miguel Preto Batista, Universidade de Lisboa, 2007.
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