Tancos - Vista do Monte Dom Luiz |
Em 1911 é criada a Companhia de Aerosteiros do
Exército Português, em Vila Nova da Rainha que se torna a primeira unidade
aeronáutica militar portuguesa. Mais tarde transformada em Batalhão de
Aerosteiros, tinha por missão principal a operação de aeróstatos, sobretudo de
balões de observação. Em 1912, a título experimental, são integrados no
Batalhão de Aerosteiros os primeiros aviões, o primeiro dos quais, um
Deperdussin B, nascendo assim a aviação militar portuguesa. Em 1914, é criado o
Serviço Aeronáutico Militar e a Escola de Aeronáutica Militar em Vila Nova da
Rainha (Azambuja), onde se mantém até 1920, junto do Batalhão de Aerosteiros.
Em 1918 é reorganizada a Aviação do Exército, passando
a designar-se por Serviço de Aeronáutica Militar, integrando seis diferentes
departamentos, entre eles a Direção de Aeronáutica, as Escolas Militares de
Aviação e Aerostação, as Tropas Aeronáuticas (de Aviação e Aerostação) e o
Parque de Material de Aeronáutica.
1918 é criada a Esquadrilha Mista de Depósito e
Instrução, inicialmente em Alverca. Desejando-se deslocá-la para próximo do
centro do país, por razões económicas, aproveita-se a carreira de tiro da EPE.
Perto do monte D. Luís foi instalado um hangar desmontável, proveniente de Vila
Nova da Rainha.
A primeira unidade operacional de aviação militar surge
em 1919 na Amadora. Designou-se por Grupo Esquadrilhas de Aviação
"República", Esquadrilhas de combate equipadas com 22 aeronaves Spad
S VII-C1 e Esquadrilhas de Bombardeamento e Observação equipadas com 16
aeronaves Breguet Br 14 AZ. Neste ano é também adotada a Cruz de Cristo num
círculo branco, como símbolo da Aviação Militar Portuguesa
Em 27 de Outubro de 1921 aterram em Tancos dois
aviões Caudron GIII, pilotados pelos Capitães Ribeiro da Fonseca e Luís
Gonzaga, inaugurando-se nessa data a Esquadrilha Mista de Treino e Depósito. O
distintivo da BA.3, um galgo, é da autoria do Capitão Ribeiro da Fonseca, que
se manteve até à sua extinção e que ainda, se pode vislumbrar, no portão
nascente da unidade.
Em 1921 o capitão Luís Gonzaga que tinha sido
agraciado com a Cruz de Guerra em França faleceria no dia seguinte durante as
cerimónias oficiosas de criação da unidade, a Base Aérea n.º 3.
A sua primeira Ordem de Serviço data de 1 de Agosto
de 1921.
Foi o berço da aviação de caça em Portugal,
estando, por isso, na origem das mais longas tradições da aviação Portuguesa.
Em 9 de Setembro de 1923, foi inaugurado o primeiro
Hangar. Em 1933, chegaram os primeiros aviões de caça da aviação Portuguesa: 3
FURY. A partir de 1 de Janeiro de 1939, por determinação do Ministro de Guerra,
passou a chamar-se BASE AÉREA DE TANCOS, sendo seu Comandante o Major Craveiro
Lopes, mais tarde Presidente da República. A 30 de Outubro de 1939, a Base
Aérea, passou a designar-se por BASE AÉREA n. º 3. Em 1940, foram construídos
os dois Hangares, ainda hoje existentes. Em 1951, foram inauguradas as
Casernas, Refeitórios e a Estação Elevatória de Águas.
Em Julho de 1952, atingiu-se o maior número de
aviões baseados na unidade: 108 SPITFIRES, HURRICANES, THUNDERBOLTS, etc. A
partir desta altura, a missão da Base sofreu grandes alterações tendo-se
tornado mais ampla e passando a abranger sectores muito diversificados na
preparação do pessoal especializado, para fazer face às exigências da guerra do
Ultramar. Com efeito, competia-lhe, por um lado, a formação dos pilotos de
helicópteros, desde o seu início até à sua partida para o Ultramar, incluindo o
estágio operacional de todos os pilotos de T-6 e DO-27; cursos de adaptação em
plurimotores; apoio aéreo ao Regimento de Caçadores Paraquedista (depois Base
Escola de Tropas Paraquedistas) na formação da totalidade dos cursos de tropas
pára-quedistas e na manutenção do seu treino de saltos; cooperação com o
Exército em apoio aéreo aos vários centros de instrução operacional; formação
de observadores do Exército; transporte de evacuação sanitária em helicóptero,
mantendo para o efeito tripulações e aeronaves em alerta; etc.
Por outro lado, conjuntamente com esta atividade,
competia à BA.3 a instrução de todos os Oficiais, Sargentos e Praças da Polícia
Aérea e ainda as Praças Condutores Auto, Sapadores Bombeiros, Amanuenses,
Clarins e Auxiliares do Serviço Religioso.
Ao longo deste período dinâmico da sua história
terá a BA3 atingido o máximo de atividade global contando com um efetivo de
mais de 2000 homens, fazendo cerca de 1000 horas de voo por mês e assegurando a
instrução terrestre a contingentes de 800/900 homens de 4 em 4 meses. Para além
da recruta de pessoal da Força Aérea notabilizou-se a BA3 pela instrução de
pilotos de Helicópteros e de Plurimotores, sem esquecer o apoio permanente às Tropas
Pára-quedistas.
Como Comandantes, teve grandes vultos da aviação
Portuguesa, entre os quais, para citar os mais antigos: Brigadeiro Ribeiro da
Fonseca, Brigadeiro Sousa Maia e Marechal Craveiro Lopes.
Operaram na BA3, vários tipos de aeronaves:
COUDRON e MARTINSYDE em 1921/22;
MORANE e A VRO-ARDlSCO em 1927/28;
HAWKER FURY em 1933;
VIKER, POTEZ e WAWKERHIND em 1937;
GLADlATOR em 1939;
CUNTIN MOHAWK em 1944;
SPITFIRE e HURRICANE em 1947;
THUNDERBOLT em 1952;
CUB, MAGISTER, OXFORD e JU.52 em 1955;
T-33 em 1958;
DORNIER (D0-27) e HELICÓPTEROS ALII e ALIII em
1964/65;
T-6, NORD-ATLAS e HELICÓPTEROS SA-330 (PUMA) em
1965/70;
A partir de 1974 ALIII, CASA 212 (AVIOCAR) e CESSNA
FTB-337G.
Pelo Decreto-Lei n.º 128/94, de 19 de Maio e na
sequência dos diplomas de reestruturação das Forças Armadas, é extinta a Base
Aérea n.º 3, da Força Aérea, sediada em Tancos, e, consequentemente, transferida
para o Exército esta infraestrutura onde passou a funcionar o Grupo de Aviação
Ligeira do Exército (GALE), Diário da República, nº 163 de 14 Julho de 1993. O
GALE passa a partir de 1 de Julho de 2006 a denominar-se Unidade de Aviação
Ligeira do Exército (UALE), conforme Diário da República n.º 115, II Série, de
16 de Junho de 2006, O Exército aguarda a chegada dos helicópteros NH-90, para em
Tancos proceder à sua operação, sustentação e manutenção.A inauguração solene do Aérodromo de Tancos. Nas imagens: o tenente aviador Dias Leite, que ganhou o 1º prémio de acrobacia aérea; os hangares do novo aérodromo; o capitão aviador Sarmento Beires, que realizou a melhor aterragem da cerimónia num aparelho Breguet, de 300 cavalos; a mulher de Ribeiro da Fonseca procedendo ao baptismo dum dos aviões, durante a cerimónia do dia 9 desse mês.
Ilustração Portuguesa, No. 917, September 15 1923 - 11
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