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ATALAIA, Vila Nova da Barquinha, Portugal
Vivendo nesta terra há 30 anos vou perguntar à história e à tradição qual a origem desta localidade. Desejo saber quem neste atractivo sítio erigiu a primeira construção, quais as obras que foram nascendo, a sua idade e as mãos que as edificaram, quais os seus homens ilustres e os seus descendentes, quem construiu as estradas, os caminhos, as pontes e as fontes. Quão agradável será descobrir em cada pedra os nossos antepassados levantando com palavras o sonho do nosso futuro. Atalaia, 18-11-2007.

23.6.13

A Aviação em Tancos, Vila Nova da Barquinha

Tancos - Vista do Monte Dom Luiz
O Polígono de Tancos situa-se na freguesia da Praia do Ribatejo, concelho de Vila Nova da Barquinha e nele estão implantadas, atualmente, diversas Unidades do Exército Português: a Escola Prática de Engenharia, o Comando da Brigada de Reação Rápida, a Unidade de Aviação Ligeira do Exército e a Escola de Tropas Pára-quedistas. Foi aqui que, em 1907, surgiram os Serviços de Aerostação e no dia 10 de Março de 1910 tiveram lugar as primeiras experiências de voo com aeroplanos em Portugal. Assistiu  ao evento o rei D. Luís. Ainda hoje o monte que serviu de observatório mantém o seu nome. O voo de aeroplano aconteceu na carreira de tiro do polígono. O avião denominado Gomes da Silva II, de 6,75 metros de envergadura, com um peso de 185 quilos e equipado com um motor Anzani de 28 CV, montado em Tancos, deslocando-se para sul, fez várias tentativas falhadas devido às más condições da pista. O avião rolou umas dezenas de metros e veio a acidentar-se num talude ao lado da carreira de tiro e em consequência foi abandonado o projeto. Davam-se os primeiros passos na aviação em Portugal.
Em 1911 é criada a Companhia de Aerosteiros do Exército Português, em Vila Nova da Rainha que se torna a primeira unidade aeronáutica militar portuguesa. Mais tarde transformada em Batalhão de Aerosteiros, tinha por missão principal a operação de aeróstatos, sobretudo de balões de observação. Em 1912, a título experimental, são integrados no Batalhão de Aerosteiros os primeiros aviões, o primeiro dos quais, um Deperdussin B, nascendo assim a aviação militar portuguesa. Em 1914, é criado o Serviço Aeronáutico Militar e a Escola de Aeronáutica Militar em Vila Nova da Rainha (Azambuja), onde se mantém até 1920, junto do Batalhão de Aerosteiros.
Em 1918 é reorganizada a Aviação do Exército, passando a designar-se por Serviço de Aeronáutica Militar, integrando seis diferentes departamentos, entre eles a Direção de Aeronáutica, as Escolas Militares de Aviação e Aerostação, as Tropas Aeronáuticas (de Aviação e Aerostação) e o Parque de Material de Aeronáutica.
1918 é criada a Esquadrilha Mista de Depósito e Instrução, inicialmente em Alverca. Desejando-se deslocá-la para próximo do centro do país, por razões económicas, aproveita-se a carreira de tiro da EPE. Perto do monte D. Luís foi instalado um hangar desmontável, proveniente de Vila Nova da Rainha.
A primeira unidade operacional de aviação militar surge em 1919 na Amadora. Designou-se por Grupo Esquadrilhas de Aviação "República", Esquadrilhas de combate equipadas com 22 aeronaves Spad S VII-C1 e Esquadrilhas de Bombardeamento e Observação equipadas com 16 aeronaves Breguet Br 14 AZ. Neste ano é também adotada a Cruz de Cristo num círculo branco, como símbolo da Aviação Militar Portuguesa
Em 27 de Outubro de 1921 aterram em Tancos dois aviões Caudron GIII, pilotados pelos Capitães Ribeiro da Fonseca e Luís Gonzaga, inaugurando-se nessa data a Esquadrilha Mista de Treino e Depósito. O distintivo da BA.3, um galgo, é da autoria do Capitão Ribeiro da Fonseca, que se manteve até à sua extinção e que ainda, se pode vislumbrar, no portão nascente da unidade.
Em 1921 o capitão Luís Gonzaga que tinha sido agraciado com a Cruz de Guerra em França faleceria no dia seguinte durante as cerimónias oficiosas de criação da unidade, a Base Aérea n.º 3.
A sua primeira Ordem de Serviço data de 1 de Agosto de 1921.
Foi o berço da aviação de caça em Portugal, estando, por isso, na origem das mais longas tradições da aviação Portuguesa.
Em 9 de Setembro de 1923, foi inaugurado o primeiro Hangar. Em 1933, chegaram os primeiros aviões de caça da aviação Portuguesa: 3 FURY. A partir de 1 de Janeiro de 1939, por determinação do Ministro de Guerra, passou a chamar-se BASE AÉREA DE TANCOS, sendo seu Comandante o Major Craveiro Lopes, mais tarde Presidente da República. A 30 de Outubro de 1939, a Base Aérea, passou a designar-se por BASE AÉREA n. º 3. Em 1940, foram construídos os dois Hangares, ainda hoje existentes. Em 1951, foram inauguradas as Casernas, Refeitórios e a Estação Elevatória de Águas.
Em Julho de 1952, atingiu-se o maior número de aviões baseados na unidade: 108 SPITFIRES, HURRICANES, THUNDERBOLTS, etc. A partir desta altura, a missão da Base sofreu grandes alterações tendo-se tornado mais ampla e passando a abranger sectores muito diversificados na preparação do pessoal especializado, para fazer face às exigências da guerra do Ultramar. Com efeito, competia-lhe, por um lado, a formação dos pilotos de helicópteros, desde o seu início até à sua partida para o Ultramar, incluindo o estágio operacional de todos os pilotos de T-6 e DO-27; cursos de adaptação em plurimotores; apoio aéreo ao Regimento de Caçadores Paraquedista (depois Base Escola de Tropas Paraquedistas) na formação da totalidade dos cursos de tropas pára-quedistas e na manutenção do seu treino de saltos; cooperação com o Exército em apoio aéreo aos vários centros de instrução operacional; formação de observadores do Exército; transporte de evacuação sanitária em helicóptero, mantendo para o efeito tripulações e aeronaves em alerta; etc.
Por outro lado, conjuntamente com esta atividade, competia à BA.3 a instrução de todos os Oficiais, Sargentos e Praças da Polícia Aérea e ainda as Praças Condutores Auto, Sapadores Bombeiros, Amanuenses, Clarins e Auxiliares do Serviço Religioso.
Ao longo deste período dinâmico da sua história terá a BA3 atingido o máximo de atividade global contando com um efetivo de mais de 2000 homens, fazendo cerca de 1000 horas de voo por mês e assegurando a instrução terrestre a contingentes de 800/900 homens de 4 em 4 meses. Para além da recruta de pessoal da Força Aérea notabilizou-se a BA3 pela instrução de pilotos de Helicópteros e de Plurimotores, sem esquecer o apoio permanente às Tropas Pára-quedistas.
Como Comandantes, teve grandes vultos da aviação Portuguesa, entre os quais, para citar os mais antigos: Brigadeiro Ribeiro da Fonseca, Brigadeiro Sousa Maia e Marechal Craveiro Lopes.
Operaram na BA3, vários tipos de aeronaves:
COUDRON e MARTINSYDE em 1921/22;
MORANE e A VRO-ARDlSCO em 1927/28;
HAWKER FURY em 1933;
VIKER, POTEZ e WAWKERHIND em 1937;
GLADlATOR em 1939;
CUNTIN MOHAWK em 1944;
SPITFIRE e HURRICANE em 1947;
THUNDERBOLT em 1952;
CUB, MAGISTER, OXFORD e JU.52 em 1955;
T-33 em 1958;
DORNIER (D0-27) e HELICÓPTEROS ALII e ALIII em 1964/65;
T-6, NORD-ATLAS e HELICÓPTEROS SA-330 (PUMA) em 1965/70;
A partir de 1974 ALIII, CASA 212 (AVIOCAR) e CESSNA FTB-337G.
Pelo Decreto-Lei n.º 128/94, de 19 de Maio e na sequência dos diplomas de reestruturação das Forças Armadas, é extinta a Base Aérea n.º 3, da Força Aérea, sediada em Tancos, e, consequentemente, transferida para o Exército esta infraestrutura onde passou a funcionar o Grupo de Aviação Ligeira do Exército (GALE), Diário da República, nº 163 de 14 Julho de 1993. O GALE passa a partir de 1 de Julho de 2006 a denominar-se Unidade de Aviação Ligeira do Exército (UALE), conforme Diário da República n.º 115, II Série, de 16 de Junho de 2006, O Exército aguarda a chegada dos helicópteros NH-90, para em Tancos proceder à sua operação, sustentação e manutenção.









A inauguração solene do Aérodromo de Tancos. Nas imagens: o tenente aviador Dias Leite, que ganhou o 1º prémio de acrobacia aérea; os hangares do novo aérodromo; o capitão aviador Sarmento Beires, que realizou a melhor aterragem da cerimónia num aparelho Breguet, de 300 cavalos; a mulher de Ribeiro da Fonseca procedendo ao baptismo dum dos aviões, durante a cerimónia do dia 9 desse mês.


Ilustração Portuguesa, No. 917, September 15 1923 - 11

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